Dr. Hollywood financia pesquisa de médico gaúcho sobre Parkinson
Trabalho sobre Parkinson é apoiado pela fundação do ator americano Michael J. Fox
Clarisse Amaral – Jornal do Povo – Cachoeira do Sul
clarisse@jornaldopovo.com.br
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Graduado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o médico Artur Schuh, natural de Cachoeira do Sul, é chefe do serviço de Neurologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Este ano, o HCPA ganhou o financiamento da americana Fundação Michael J. Fox, para se tornar um centro formador de neurologistas especialistas em Parkinson e Transtornos do Movimento.
A Fundação é a principal financiadora de estudos em Doença de Parkinson ao redor do mundo. Fox é consagrado ator que segue trabalhando mesmo com os efeitos da doença. Ele se tornou famoso na década de 1980 em filmes como a franquia “De volta para o futuro” e a clássica comédia romântica “Dr. Hollywood”.
Centros interligados
- O HCPA é o segundo hospital da América Latina a receber esse financiamento e o primeiro no Brasil.
- Os centros financiados pela Fundação Michael J. Fox tem ligação entre si, o que promove trocas, tanto da produção científica quanto o intercâmbio de profissionais.
Quem é
- Schuh reside em Porto Alegre e é professor do Departamento de Farmacologia e da Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do sul (Ufrgs).
- É filho da atual prefeita de Cachoeira do Sul, Angela Schuh, e João Artur Schuh, e estudou na cidade até concluir o Ensino Médio.
- Ele conta que, em toda sua vida, sempre quis ser pesquisador.
- Ainda na graduação, realizou pesquisas em Neurologia e, antes mesmo de terminar a faculdade de Medicina já participava da clínica e de pesquisas em doença de Parkinson do HCPA.
- Em 2011, Schuh terminou sua residência e em 2014 defendeu seu doutorado.
- O projeto pensado desde a graduação foi sobre Parkinson”.
- Após, entrou como médico contratado do HCPA, espaço onde reforçou a pesquisa.
- Em 2016, iniciou como professor da Ufrgs.
- Realizou duas especializações de pós-doutorado: uma na Universidade de Washington, nos Estados Unidos, em 2017, e a outra no National Institutes of Health (NIH), também nos Estados Unidos, em 2023.
- Schuh explica sua pesquisa como centrada no Parkinson e voltada, sobretudo, para a genética.
- Ele possui outras duas pesquisas financiadas pela Fundação Michael J. Fox, além de contar com incentivo de agências nacionais de fomento à ciência, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Parkinson
A doença de Parkinson é provocada pela degeneração das células situadas na região do cérebro denominada “substância negra”. Estas células produzem a dopamina, que modula os movimentos do corpo. A falta de dopamina afeta os movimentos e pode provocar sintomas como: tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. O Parkinson atualmente não tem cura, mas apresenta tratamentos que podem melhorar significativamente a qualidade de vida.
Em 1817, foi publicado o trabalho “Um Ensaio sobre a Paralisia Agitante”, do médico inglês James Parkinson, considerado o primeiro a identificar e debater sobre a doença. Entretanto, apenas na metade final do século XX, o Parkinson foi reconhecido como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e, dessa forma, seus sintomas foram mapeados para diagnóstico.
500 mil no Brasil
- O Parkinson é uma das doenças neurológicas que mais tem crescido em termos de impacto na população. Conforme pesquisa realizada por Schuh, cerca de 500 mil pessoas no país vivem com a enfermidade.
- Porém, projeta-se que, ao considerar apenas o envelhecimento populacional, esse número poderá chegar na casa de mais de 1 milhão até 2060, ou seja, os afetados pela doença vão praticamente dobrar.
- Esses dados demonstram a importância do desenvolvimento e financiamento em pesquisas brasileiras sobre o tema, para que a assistência médica do país esteja preparada para o futuro.