Conheça a história da vinícola familiar Hortência Vinhos e Espumantes
A origem foi em 1887, quando a família de Ângelo Giacomin chegou da Itália em Mato Peso e começou a produzir vinho para o consumo da casa. Em 1943 um dos filhos de Ângelo, Júlio Giacomin, criou a Giacomin Indústria de Bebidas
A história da Vinícola Hortência tem origem em 1887, com a chegada de Ângelo Giacomin, vindo da Itália para o Brasil, na localidade de Mato Perso, Lote 50, no Travessão Hortêncio. Produzindo vinho para o consumo da casa, o imigrante constituiu família naquele lugar. Um dos filhos, Júlio Giacomin, continuou em Mato Perso, enquanto os demais se espalharam por outras regiões. A Giacomin Indústria de Bebidas, produtora dos Vinhos Hortência, foi criada em 1943, com um caráter familiar, por Júlio, que, na época, colhia a uva, elaborava e entregava o vinho para a Cooperativa Forqueta.
Com uma tradição de 75 anos, a vinícola carrega na bagagem a excelência na elaboração de bons vinhos. Iniciou o trabalho de modo artesanal e, com o passar dos anos, seus produtos passaram a ser reconhecidos nacionalmente, alcançando importantes premiações. Em meados dos anos 80, constituiu-se a Hortência Vinhos e Espumantes, que a partir do ano 2000 começou a envasar com marca própria. Inicialmente com vinhos de mesa e, mais tarde, ampliando seu mix. Moisés Giacomin é atualmente o diretor da empresa e tem a parceria de outros sócios. A sua relação com o negócio iniciou aos 13 anos quando começou trabalhar junto com os pais, primos e irmãos.
Com o tempo, foi surgindo a necessidade de buscar informações em outros mercados, momento em que procurou se qualificar e aprendeu a lidar com o setor que, segundo ele, é muito exigente e muda rapidamente. “Meu pai sempre me cobrou. Ele dizia, eu não pude estudar, mas acho que alguém tem que estudar. Vontade a gente não tinha, para dizer bem a verdade, só a força e a pressão do mercado. Quando você vai assumindo a empresa, e percebendo que tem que ter base sólida precisa de mais informações para gerenciar o negócio. A gente foi se fortalecendo na busca por informações. Todo o dia que passa é uma faculdade, eu sempre digo, a gente ensina muito, aprende, e sempre teve a graça de ter as portas abertas onde procuramos ajuda. Tivemos profissionais que nos ajudaram e também acredito que podemos ensinar alguma coisa”, afirma.
Na época que a empresa foi criada, estavam à frente o pai de Felipe Giacomin e o tio, Teodoro. Também teve a presença dos tios Luiz e Giácomo (já falecido). Posteriormente chegou a atual geração que, hoje, administra a vinícola. Cada sócio tem o seu vinhedo, cuja soma das áreas corresponde a 25 hectares plantados. A esposa de Moisés, Inês Denbinski, ajuda tanto na agricultura quanto na vinícola, porque o envase é semanal. No local onde está instalada, o espaço é de 2.500 metros quadrados de construção, onde se faz o engarrafamento, está o estoque, acontece o recebimento de uva e todo o processo de produção da empresa.
Alguns vinhos e espumantes são feitos da uva de mesa, que conforme Moisés, não foram abandonadas porque são variedades responsáveis por grande parte do faturamento da cantina. Por essa razão, a Bordeaux, Niágara e Isabel continuam sendo cultivadas, embora em pequena quantidade, já que são para suco e a empresa não tem esse foco.
O projeto mais recente diz respeito a produção de vinhos e espumantes com as variedades Branca Moscato, Moscato Giallo, Moscato R2, Cabernet, Cabernet Franc, as novas Teroldego, Marselan e Malbec. A variedade Tannat é comprada de terceiros. A vinícola produz em média 700 mil litros ao ano, entre vinhos e espumantes, mas já atingiu um milhão, produção que é comercializada desde o balcão e pela Serra Gaúcha, na grande Porto Alegre, região portuária de Rio Grande, São Paulo, Mato Grosso (em grande quantidade) e no Rio de Janeiro.
A Vinícola Hortênsia possui mais de 40 rótulos entre vinhos e espumantes, alguns embalados em volumes de 1,5 litro, ou de 750 ml, que vão desde vinho de mesa ao premium. A Hortência não tem planta para o envase do suco de uva e espumante, mas fornece a matéria-prima para terceiros. O foco é o vinho. O carro-chefe da empresa é a venda do Moscato Tradicional, que é um blend do Moscato Branco, Moscato Giallo e Moscato R2.
Moisés diz que produzir bebidas com essas variedades de uva tem custo baixo e, com base na tecnologia disponível, é possível obter bons vinhos, viabilizando maior competitividade no mercado. Ele compara o atual momento da vinícola com o acesso à tecnologia, hoje, ao momento de 30 anos atrás. “Imaginar o setor vinícola, o que era e o que é, foi dado um salto muito grande. A evolução que houve dentro das vinícolas, foi gigantesca”, compara. Ele entende que isso só ocorreu pela abertura de mercado e pela entrada de maquinários importados de outros países, como França, Itália, Chile e Argentina. Ressalta que tudo o que existe de equipamentos de ponta as indústrias do setor tem acesso atualmente.
No entanto, o que dificulta as operações é o custo do crédito, mas mesmo assim existe espaço para investimentos, como prensa pneumática, não só importada, mas nacional e fabricada na região, com tecnologia igual às que existem no exterior. Na linha de aparelho frios estão tanques de aço inoxidável, com controle de temperatura, filtros à terra e filtros tangenciais, além das linhas de envase e enxágue, enchimento e fechamento dos vasilhames, todos com grande evolução. Mas lembra que não é só no maquinário que é preciso evoluir, mas também no conhecimento, com novos cursos de enologia e o apoio dos profissionais. “Isso é necessário porque não tem como uma indústria crescer sem o conhecimento humano. Tem que avançar em todas as esferas”, argumenta.
Para Moisés, o conhecimento tem que começar na hora da preparação do solo, no momento da escolha da posição para o plantio, além da definição das mudas, livres de virose. Tem que ser a variedade que se adapte à realidade da empresa. Tipo de condução do vinhedo, método de poda, planejamento da mecanização. “Tudo faz parte porque a gente sabe que a mão de obra é um problema para a produção, não só o nosso setor. Então tem que estar em um ambiente que possa mecanizar o máximo possível.
“Como é que você vai podar uma videira com a máquina?, ainda não é possível fazer uma poda verde assim. A colheita já está evoluindo muito com a utilização de maquinário moderno, só não é totalmente porque a região é íngreme, mas com certeza lá na agricultura está sendo inovada, com conhecimento também”, afirma.
Moisés disse ainda que há uma realidade presente, em que jovens estão permanecendo no campo e procurando se preparar, principalmente na Agronomia ou alguma especialidade mais técnica e que tenha relação com o setor. “Eles estão se fortalecendo, procurando informação e ficando no campo, porque têm mais condições de trabalhar na agricultura e ter uma vida digna. Isso evoluiu bastante também”, finaliza.