Chuva soma quase 300 milímetros, não para e repique das enchentes vai ser grave
MetSul alerta para grave repique de cheias dos rios das Antas, Taquari, Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí com o aumento da chuva das últimas horas
A chuva não cessa, rios já voltaram a subir e a previsão ainda é de chuva no restante deste domingo e em parte da segunda-feira. Com o que já choveu e ainda pode chover, o cenário é extremamente preocupante porque tem uma enorme quantidade de água ainda por descer das nascentes para as regiões sob enchentes. A condição é aflitiva porque a situação vigente é de evento com chuva excessiva a extrema, justamente nas bacias dos rios que enfrentaram ou enfrentam cheias recordes e catastróficas desde o começo do mês.
Os rios mal tiveram tempo de baixar e soma-se um segundo evento de chuva com volumes altíssimos. Numa analogia, o copo transbordou, seguia quase cheio e volta a transbordar com a colocação de mais água. À medida que as horas avançam e a chuva não para, os acumulados de precipitação apenas aumentam. Os volumes já se aproximam de 300 milímetros nos Campos de Cima da Serra e estão entre 100 milímetros e 200 milímetros em muitos locais da Serra, dos vales, do Centro do estado, do Sul do Planalto Médio, Litoral Norte e da Grande Porto Alegre.
Estas são as regiões das nascentes e por onde correm as bacias dos rios que passam por grandes inundações: Antas, Taquari, Jacuí, Caí, Sinos, Paranhana e Gravataí. As águas de todas estas bacias, alimentadas por rios menores, desembocam mais tarde no Guaíba.
Os volumes
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os acumulados entre sexta e até o final da manhã deste domingo somavam:
- 264 milímetros em Cambará do Sul
- 187 milímetros em Teutônia
- 185 milímetros em Serafina Corrêa
- 174 milímetros em Canela
- 140 milímetros em Bento Gonçalves
- 137 milímetros em Rio Pardo
- 110 milímetros em Soledade
- 105 milímetros em Campo Bom
- 103 milímetros em Santa Maria
- 102 mm em Porto Alegre
Os acumulados mais excessivos e até extremos se concentram na Serra e Aparados da Serra, locais de nascente dos rios Taquari e Caí. Os dois rios já registram repique de enchente com inundações e o quadro deve se agravar substancialmente porque há muito água descendo da Serra e das nascentes na região serrana. A bacia do Rio Taquari é extremamente preocupante porque o pior da chuva concentra-se exatamente ao longo do sistema Taquari-Antas, das nascentes em Cambará, onde mais choveu, até o final no Rio Jacuí. Em toda a extensão do Taquari a precipitação até o fim do dia vai somar 100 milímetros a 300 milímetros em um rio que dias atrás atingiu a marca de 33 metros no vale, quatro metros acima do recorde da série histórica de 150 anos.
O cenário é ruim também para a bacia do Sinos. A chuva que cai nas nascentes do Litoral e os grandes volumes de chuva na Serra que alimentam o Paranhana, que desemboca no Sinos, farão o Rio dos Sinos subir muito nos próximos dias nos vales e na Grande Porto Alegre. A chuva do litoral, que é volumosa, ainda trará repique para o Gravataí com efeitos em Canoas, Cachoeirinha, Gravataí e Alvorada (represamento do Arroio Feijó). Chove com volumes de 100 milímetros a 150 milímetros entre as nascentes no Norte do estado e o meio da bacia no Centro e Vale do Rio Pardo, em toda a extensão do Jacuí, agravará a cheia do Rio Jacuí, trazendo de volta a inundação para locais em que havia baixado e agravando onde ainda persistem.
(Conteúdo MetSul Meteorologia. Texto original pode ser conferido no link.)