Reforma Luterana: agora são outros 500!

Uma das maiores mudanças mundiais, a Reforma Luterana, celebra 500 anos. Atravessando séculos,
os luteranos mantêm a Palavra e Cristo como centro de suas vidas. Dos 75 milhões espalhados
pelo mundo, 1,5 milhões estão no Brasil

Claudia Iembo/Especial

Quem faz história se eterniza, indiscutivelmente. No próximo dia 31, comemoram-se os 500 anos da Reforma Luterana, iniciada pelo monge e professor alemão, Martim Lutero.

Era 31 de outubro de 1517 quando Lutero enviou ao seu bispo as 95 teses sobre questões teológicas que desejava debater abertamente, em Wittenberg, Alemanha, criticando determinadas práticas abusivas promovidas pela ou em nome da Igreja. Entre os questionamentos, a expressa posição contrária à venda de indulgência praticada, a qual pregava que bastava pagar à Igreja para se livrar dos pecados.

A data marcou o início dos novos caminhos para o Cristianismo, originando o Protestantismo e a criação da Igreja Luterana. Uma revolução religiosa, social e política iniciada na Alemanha, que se estendeu pelo mundo afora.
As consequências atingiram as artes, a cultura, a ciência, a educação, pois uma vez que as pessoas dependiam da igreja para tudo e faziam compensações financeiras, a liberdade trazida pela Reforma era avassaladora.

Tal liberdade podia ser vivenciada pelos princípios da Reforma, que são: salvação pela fé; presença da verdade somente na Bíblia; extinção do clero regular (ordens religiosas); livre interpretação da Bíblia, sem a necessidade de pregadores, padres ou outros intermediários; eliminação de tradições e rituais nos cultos religiosos; fim do celibato; proibição do uso de imagens nas igrejas; uso do alemão nos cultos religiosos (não mais o latim como única língua); eucaristia e batismo como únicos sacramentos válidos.

A Reforma ainda restabeleceu o conceito bíblico em três colunas básicas do Cristianismo: as escrituras, a graça e a fé.

Entende-se que a palavra de Deus é a única forma de conduta cristã; a graça pela qual Deus oferece, pelo sacrifício de Cristo, o perdão dos pecados e a salvação eterna sem exigir qualquer pagamento em troca e a fé pela qual se tem a certeza de que tudo o que a bíblia diz a respeito de nós e de Deus é verdade.

A compreensão destes conceitos é um dos grandes motivos da comemoração da Reforma que completa 500 anos, afinal eles são os parâmetros que norteiam a vida das pessoas: cerca de 75 milhões de luteranos e 900 milhões de protestantes pelo mundo, segundo informações do Comitê Ulbra 500 anos da Reforma Luterana.

No Brasil
Em terras brasileiras, a congregação luterana estabilizou-se em 1824, no Rio de Janeiro. Naquele mesmo ano, imigrantes alemães também desembarcaram em São Leopoldo, aqui no RS.

Nestas duas localidades foram formadas as principais denominações de Igreja no país: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – que se formou a partir da vinda de membros da Alemanha – e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, proveniente de missões de norte-americanos a partir do início do século XX.

Atualmente estima-se que exista entre 1 e 1,5 milhões de luteranos no Brasil, segundo dados pesquisados.

Luteranos em Farroupilha
A história da Comunidade Evangélica Luterana em Farroupilha está ligada à chegada ao Brasil, em 1902, do Pastor Curt Haupt, professor e pastor que atendeu a comunidade que se formaria em Nova Vicenza até o ano de 1939.
Casado com Elsa Maria Blauth, filha de comerciantes locais, o casal residiu em Desvio Blauth, onde permaneceu até 1947.

Consta que a comunidade luterana deve ter sido fundada por volta de 1917 e em 21 de maio de 1922 houve a inauguração do Templo, construído por cinco famílias: Carlos Fetter, Christiano Antônio Frederico Fetter, Guilherme Engers, Emilio Weissheimer e Alberto Augusto Matte. Mais tarde incluíram-se ao grupo as famílias Fuhr, Krause e Dietrich.

Hoje, existem duas comunidades luteranas em Farroupilha: uma no centro da cidade e outra no Desvio Blauth.