Johanna de Oliveira Roth – A pequena grande amazona farroupilhense

Com apenas 10 anos de idade e acumulando muitas medalhas e troféus
no seu currículo, ela vai participar este ano do Campeonato Brasileiro de Hipismo.
Johanna está em busca de investimentos de patrocinadores para impulsionar sua carreira

Quando o assunto é hipismo, quais os primeiros nomes de brasileiros que vêm a sua cabeça? Os leitores mais antigos talvez se lembrem de Nelson Pessoa que competiu nas olímpiadas de 1956 e também em 1964, em Tókio, quando ficou em 5º colocado. Outros, mais novos, talvez lembrem de Rodrigo Pessoa, que é filho de Nelson Pessoa e conquistou medalha de ouro individual no Salto, nos Jogos de Atenas em 2004. Tem ainda Doda Miranda que participou de quatro olimpíadas e conquistou duas medalhas de bronze para o Brasil.

Mas em Farroupilha quem você conhece? Pois saiba que existe uma grande promessa no Hipismo. Ela se chama Johanna de Oliveira Roth, tem apenas 10 anos de idade e já acumula muitas medalhas e troféus de dar inveja a muitos profissionais adultos. Ela é a pequena grande farroupilhense. 

Johanna mostra um brilho no olhar quando o assunto é cavalo. “Os cavalos são parte da minha família e eu amo muito eles, assim como amo montar. Não seria quem sou se não montasse”, diz. 

O amor de Johanna por seus cavalos e por montar é tão grande que em seu quarto, os travesseiros são todos com fotos dela e seus cavalos, durante os saltos, além é claro de todas as medalhas e troféus que conquistou. Até a mochila escolar é decorada com figuras de cavalos. 

Cursando a quarta série do Ensino Fundamental, ela já sabe o que quer ser quando crescer. “Quero muito ser veterinária para poder cuidar dos animais. Eu os amo”, declara. 

Quem ajuda Johnna a contar sua história é sua mãe e grande incentivadora do esporte, Suelen Tonet de Oliveira.

Suelen diz que Johanna começou a montar aos cinco anos de idade. Seus primeiros saltos foram na escola de equitação, Hípica da Serra, em Caxias do Sul. Em 2017, ela saiu de Caxias do Sul e foi para a Hípica do Vale em Novo Hamburgo, onde ficou quatro meses. Depois migrou para a Hípica Santa Tereza em Viamão, onde está até hoje. Até então ela não tinha cavalo próprio para saltar, por isso treinava com os cavalos da hípica em que estava.

Foi então, ainda em 2017, que ela ganhou seu companheiro e amigo que lhe rendeu muitas medalhas e troféus, o cavalo da raça Pônei de Salto Europeu, Frank Boy. A mãe de Johanna, explica que a raça Pônei de Salto Europeu, equivale ao nosso Petiço, aqui no Rio Grande do Sul, que é maior que o Pônei brasileiro e um pouco menor que o cavalo de tamanho considerado normal.

Também foi na mesma época que a amazona farroupilhense conheceu Ciro Abel Pinto, treinador da Hípica de Santa Tereza, em Viamão.

Em 2018 o seu cavalo Frank Boy também foi para a Hípica de Santa Tereza onde formaram um belo “Conjunto”. Então com a orientação do Ciro Abel, começou a saltar com o “Frank”, na categoria Escola até 90 centímetros, representando a Hípica Santa Tereza.

Ciro Abel, além de ser um conceituado instrutor de saltos, tem uma grande experiência em treinar crianças. A maioria de seus alunos já conquistaram prêmios ou são grandes promessas no esporte. Todos os alunos são estrelas que já se destacam no hipismo. Suelen salienta a grande afinidade que o treinador tem com as crianças, o que não foi diferente com Johanna. “Eles desenvolveram uma grande amizade e sincronismo nos treinos e uma ligação muito forte”, conta. Ela diz ainda que “O Ciro Abel é um descobridor de talentos mirins” e faz questão de ressaltar que o treinador é o responsável por todos os prêmios que a Joahnna ganhou em 2018.

Ela conta que logo que ele conheceu Johanna, arrumou um cavalinho para ela saltar. Na primeira prova, ela caiu, ele conseguiu outro cavalo para continuar a prova, ela caiu de novo, ele tornou a conseguir mais outro cavalo, como o qual ela acabou vencendo, mesmo depois de ter caído duas vezes. Isto demonstra a confiança que ele tem em Johanna e o quanto ele aposta e acredita em seu talento.

Além do Frank Boy, Johanna divide seu coração com mais dois cavalos. Um é a égua Zara, da raça Lustana, com a qual já saltou algumas vezes, e o outro, é potro da raça Quarto de Milha, que tem dois anos de idade, chamado 5 Estrelas.

Quem cuida do Frank Boy e da Zara é o instrutor Ciro. Os dois cavalos, fazem parte da Hípica Santa Tereza e recebem um tratamento diferenciado, como de estrelas. O potro 5 Estrelas fica em um Haras próximo de onde estão os outros dois cavalos para que Johanna possa estar sempre em contato com eles.

Suelen explica que um dos grandes temores para quem cuida de cavalos de salto é a ocorrência de cólicas, um grande perigo que pode levar meses para sarar. Segundo ela, quando as cólicas ocorrem, o cavalo pode até passar por cirurgia. Por causa disso o cuidado deve ser redobrado.

Custos

Nem só de glórias vive um atleta de hipismo. Suelen comenta sobre o alto custo para manter essa sequência de conquistas da filha e as dificuldades para poder participar de todos os treinos e competições. Ela diz que “Só o transporte de cada cavalo custa em torno de dois mil reais. Sem entrar nesta conta estão os valores de inscrição, hospedagem para os cavalos e outros custos que somados chegam próximos a oito mil reais”.

Segundo ela, manter cada cavalo na Hípica custa em torno de cinco mil reais, fora as competições. “A partir de março as competições serão praticamente todos os finais de semana. E, a partir de janeiro serão dois treinos por semana, independente das competições, e os valores para ir para as provas e testes são muito altos. Só faço isso porque a Johanna ama cavalos, ama montar e saltar”, complementa. 

A mãe da menina ressalta que até agora não conseguiu patrocinador que queira investir na carreira da Johanna. “Infelizmente não há interesse de patrocinar este tipo de esporte”, lamenta. Ela diz que está a procura de patrocínios e apela aos empresários de Farroupilha ou da região que queiram investir. Quem tiver interesse, pode entrar em contato com ela. “A Johanna já tem um currículo de muitos títulos conquistados, apesar da pouca idade que tem. Não são apenas promessas de títulos. Quem apostar nela terá sua marca divulgada nacionalmente”, afirma orgulhosa do talento da filha.

Gosto por cavalos vem do avô Alvicio

Na família só quem gostava de cavalos era o avô materno da Johanna, Alvicio Antônio de Oliveira Filho, que possuía um cavalo chamado “5 Estrelas”. Para homenagear ao avô Alvício, Johanna colocou o mesmo nome no potro Quarto de Milha.

Johanna tem duas irmãs gêmeas de cinco anos, Rafaela e Catarina. Catarina segue os passos da irmã mais velha e já começou a montar. Já Rafaela não quer saber de cavalos.

Para quem pratica hipismo, as quedas fazem parte da rotina. Johanna também já contabiliza em seu currículo muitos tombos. “Ela já caiu um milhão de vezes. Como ela é pequena e por isso mais leve, qualquer movimento mais brusco e repentino do cavalo a Johanna já cai”, explica Suelen. 

Ela conta que a Johanna já machucou o joelho, o rosto e o braço nas quedas, mas nunca quebrou nada. “Uma vez a Zara se assustou na prova e saiu da pista com a Johanna agarrada em cima dela. Passou pelo meio do público e correu para o meio de umas árvores, nas quais Johanna bateu e caiu. A mãe diz que a filha nunca teve medo de cair, e que, em várias provas ela caiu, subiu de novo, e, em muitas delas, acabou ganhando mesmo depois de ter caído. 

Clínicas com instrutor famoso

Clínicas, em hipismo, são cursos especiais em que os cavaleiros e as amazonas participam para se aperfeiçoarem, aprimorarem a técnica e adquirirem experiências. Para o atleta do hipismo participar de uma clínica é sempre uma grande oportunidade e experiência.

Suelen conta que a filha já teve a oportunidade de participar de diversas clínicas com cavaleiros famosos e internacionais. Uma delas foi com o cavaleiro e instrutor Rafinha Collares, um gaúcho que mora na Bélgica, onde tem uma hípica. Johanna também já fez clínica com os cavaleiros Nestor Lambre, da Argentina e com o brasileiro, Rodrigo Chaves.

Em 2018 houve oportunidade de participar de uma Clinica de Salto com o cavaleiro Yuri Mansur, mas segundo a mãe da menina, ela não pôde ir porque o custo era muito alto.

Dificuldades

Suelen diz que tem que “Se virar nos 30” para que Johanna possa participar dos treinos e das competições e uma das grandes dificuldades é o deslocamento de Farroupilha até a Hípica. “Tenho de levá-la até Viamão e voltar, às vezes até duas vezes por semana. Algumas vezes ela consegue ficar na casa de uma amiguinha, mas, geralmente, tenho de fazer o deslocamento de Farroupilha até Viamão. Esta distância aumenta o nível de dificuldades e também exige um maior sacrifício. O que ameniza um pouco é ajuda da avó materna, Maria Lourdes de Oliveira, que fica com as irmãs menores da Johanna”, afirma.

Além de todos estes compromissos do esporte que escolheu, Johanna ainda cursa a quarta série do Ensino Fundamental no Colégio Santa Cruz, em Farroupilha. “Ela está com notas maravilhosas”, conclui a mãe.

 

Palavra do instrutor 

Ciro Abel Pinto é um reconhecido treinador da Hípica de Santa Tereza, em Viamão. Como a mãe de Johanna já mencionou, ele tem ajudado muito e tem sido o responsável pelo sucesso da carreira da farroupilhense.

Ciro Abel assinala, entre outras características de Johanna, o seu carisma. “A pequena notável demonstra muito carisma, principalmente quando está montando seu cavalo Frank Boy”.

Abel também reconhece o esforço e a perseverança de Johanna para se destacar no hipismo. “Em um ano, desde que veio de Farroupilha, ela demonstra um esforço que já evidencia sua garra. A Jô aproximou-se dos grandes eventos e numa carreira meteórica alcançou a alta performance, saltando a altura de um metro, com menos de 11 anos de idade, na categoria mini mirim, sendo assim, reconhecida pela Federação Equestre Internacional”, afirmou.

Segundo o treinador, o foco e a técnica são suas principais características. “Só em 2018 ela subiu em todos os pódios que disputou. Talento, aptidão e dom não faltam”, comemora.

Sobre o amor de Johanna por cavalos, Abel também tem a mesma certeza. “Ela é uma apaixonada por cavalos e pelo hipismo. Nas horas que não está treinando ou competindo, fica colada na internet estudando os grandes cavaleiros do mundo para se espelhar”, conta. Abel também menciona a dificuldade de conseguir patrocinadores. “O hipismo é um esporte que requer altos investimentos. A talentosa Jô busca investimentos de patrocinadores para poder dar asas a sua carreira”, destaca.

Campeonato Brasileiro de Hipismo

Pensando no futuro, a amazona diz que quer muito continuar montando e representar o Brasil no hipismo. “O hipismo é um esporte caro, também gostaria de dar aulas para crianças que não têm condições de pagar”, acrescenta.

O projeto da Johana e de seu treinador para este ano é participar do Campeonato Brasileiro de Hipismo, que acontece em Curitiba. Ela vai saltar na categoria por equipe e também na categoria individual. Até 2018 ela competiu na categoria Escola, agora vai migrar para a categoria Profissional.

Johanna agradece a todas as pessoas que ajudam e torcem por ela. “Agraço aos meus cavalos, pois sem eles eu não estaria aqui, agradeço ao treinador Ciro, por tudo que me ensinou e por sempre acreditar em mim, agradeço a minha avó, minhas irmãs e, principalmente, minha mãe, que não mede esforços para eu poder estar onde estou hoje. É ela que faz com que, de um jeito ou outro, as coisas sejam possíveis”.

 

TROFÉUS

Vice-campeã do Noturno Marechal Osório
Categoria menor até 11 anos 
Altura 0,80 cm

Vice-campeã 
Gaúcha Amazonas – FGEE
Altura 0,90 cm
Porto Alegre

Campeã – FGEE
Clear Round 2018
Categoria Mini-Mirin

Campeã Ranking Interno 2018
Hípica Santa Tereza – Viamão
Altura 0,90 cm

Campeã 2018
Ranking da Liga do Vale
Categoria Menor 
Altura 0,85