Edgmara Giordani – Capacidade para amar

Edgmara Giordani administra uma agenda atribulada com horário até para as refeições. A psicóloga e coach aplica seus conhecimentos em seu próprio lar. Ela fala sobre seus privilégios, sobre a dádiva que é a maternidade e sobre o seu amor pelos seus herdeiros.

Como enxergas a maternidade?
Eu vejo a maternidade como uma dádiva e escolha. Se Deus concedeu o direito de uma mulher dar a vida a outro ser, de que ela é incapaz? Escolhi e amo ser mãe. Creio que maternidade é investimento, pois para desenvolver os filhos é preciso dedicação e exemplo. Educar dá trabalho.

Como dás conta da casa, da vida profissional, de ti e dos filhos? 
Eu tenho rotina, utilizo agenda para tudo, meu horário de leitura e estudo está na agenda, bem como almoço, academia, etc. Acredito que o tempo é resultado das ações e de como gerenciamos ele. Acredito também na possibilidade de ser uma boa mãe, uma boa profissional e uma boa dona de casa. O segredo é elencar prioridades, ou seja, fazer escolhas assertivas e usar a palavrinha libertadora “não”.

Teve algum momento que te deixaste de lado e priorizaste apenas os filhos? 
As etapas iniciais do desenvolvimento dos filhos exigem maior atenção. Considero-me privilegiada, pois pude acompanhar todas estas etapas. Soube fazer escolhas e o pai deles participou do processo de cuidar, tínhamos uma dinâmica muito boa para que ambos pudéssemos usufruir do que considerávamos importante. Acredito que nossa cultura ainda responsabiliza a mulher pelos cuidados dos filhos e é nosso papel inserir os companheiros nos cuidados, pois a responsabilidade é de ambos.

Que tipo de mãe te consideras?
Considero-me uma mãe rígida e amorosa, possuímos muita liberdade entre nós, costumamos conversar abertamente sobre qualquer assunto. Meus filhos e eu somos muito parceiros.

Que tipo de filhos estás deixando para o mundo?
Como meus filhos já estão grandes, creio que cumpri minha função de deixar ao mundo filhos empáticos, generosos, respeitadores, afetivos, comprometidos, otimistas, gentis, capazes de olhar para o mundo a sua volta e fazer diferença na vida deles e da sociedade. 

De que forma a tua parte “coach” interfere na tua família? 
Minha parte coach e psicóloga está ativa constantemente. Seria incongruente falar às pessoas sobre como atuar e não usar em minha casa. Frequentemente costumo falar sobre sucesso, responsabilidade, positividade. O questionamento mais comum é: se você reclamar as coisas vão mudar?

Como é ser mãe de uma menina e dois meninos? 
Júlia, 19 anos, e eu possuíamos algumas divergências que conseguimos compreender e nosso relacionamento hoje é maravilhoso, ela é meu “braço direito”, uma mulher meiga, generosa e com muita maturidade. Marco Antônio, 22, e Luiz Henrique, 14, são tranquilos e muito parceiros, responsáveis e comprometidos. Quando falo dos meus filhos eu me encho de orgulho, pois amo cada um em sua essência. Ser mãe deles é uma dádiva incrível, fui escolhida e busco exercer com maestria a função concedida por Deus.  

Como é criar um filho não-machista num mundo machista?
Costumo mostrar que nós, mulheres, merecemos ser reconhecidas, tratadas com igualdade e respeito. Procuro atuar com muito diálogo, debatendo que todos os indivíduos devem estar no mesmo nível igualitário, este é nosso ideal.  Abordar este assunto sobre a luta feminista que sempre foi a busca pela igualdade profissional e salarial, ainda causa polêmica e, em meu trabalho, busco muito fortalecer as mulheres para elas ocupem seus espaços com segurança. 

Ao teu ver, o que é imprescindível uma mãe fazer pelos seus filhos?
Escutá-los. Nossos filhos precisam que nós, pais, estejamos presentes para dialogar e compreender o que eles têm a nos dizer. Disponibilizar parte de nossos dias para eles é fundamental. Nossos filhos precisam de tempo de qualidade e não de produtos. Afirmo com certeza que o diálogo traz proximidade e confiança. Tragam seus filhos para perto e eles saberão aonde está o porto seguro deles.