Ex-ministro Paulo Guedes dá show de otimismo na Fecomércio

Comitiva de Farroupilha liderada pelo Sindilojas acompanhou a palestra do ex-ministro que chefiou a economia nacional

Silvestre Santos
silvestre@ofarroupilha.com.br

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O ex-ministro da Fazenda de 2019 a 2022, Paulo Guedes, levou um público de mais de 500 pessoas, incluindo muitos políticos, à sede da Fecomércio para uma reunião-almoço (a segunda edição do Fecomércio Debate deste ano) em que palestrou sobre “A Economia do Brasil e os Impactos no Comércio”. Guedes foi saudado pelo presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, que falou sobre a importância dos debates econômicos pós-enchentes de maio passado, e destacou a presença de Paulo Guedes no encontro de segunda, 4 de novembro, na sede da entidade.

Bohn destacou a relevância do tema que seria abordado pelo ex-ministro em um momento de recuperação econômica do estado. Também disse que o Brasil precisa ter um crescimento econômico mais acelerado embora entenda que, isso, “exige medidas de aumento de produtividade e controle de gastos públicos”. O presidente ainda criticou o aumento de impostos, em número e valores, dizendo que é necessária uma reforma administrativa para limitar os tributos e fazê-los retornar em forma de benefícios à população.

Na palestra, Paulo Guedes abordou questões internacionais desde a II Guerra Mundial, a Guerra Fria, como os países envolvidos se recuperaram após os conflitos, além do desenvolvimento industrial e tecnológico que levaram os governos mundiais a ter novas percepções acerca, principalmente, da economia. “O princípio lógico de uma guerra de algumas décadas passadas era um país aniquilar o poderio bélico do seu oponente. Quem conseguisse isso, ganhava. Hoje, a guerra é cibernética, tecnológica, política e econômica”, afirmou.

“A democracia não venceu ainda. Quem venceu foram as economias de mercado. Essa é a linguagem universal de cooperação humana. Essa é a forma que todos estão usando”, disse Paulo Guedes, considerando que “o mundo está irreversivelmente rompido”. Segundo ele, “Depois de 80 anos andando para frente, todas as economias se integrando, ganhos extraordinários acontecendo, começaram os efeitos indesejáveis a serem sentidos, justamente do lado de cada mundo”.

Guedes entende que uma terceira Guerra Mundial seria um desastre, diante das dependências econômicas que existe entre as grandes potências globais. “Seria um suicídio para a China e para os EUA”, afirmou o ex-ministro. El também falou sobre o que entende ser um avanço mundial do conservadorismo, dizendo que se trata de uma resposta aos períodos de incerteza econômica e às frustrações populares decorrentes de políticas de proteção nacional. “O Ocidente entrou em modo sobrevivência. Os conservadores estão vindo, porque defendem os princípios da civilização ocidental”, ressaltou.

Justamente aí o ex-ministro disse o que o público, atento, esperava ouvir: o Brasil tem tudo para se tornar um protagonista mundial a curto prazo, justamente devido à ascensão dos líderes conservadores. Ele defendeu a livre economia do mercado, maior liberdade de pensamento e expressão, transparência, e condenou, sem citar nomes, governantes que optam pelo protecionismo social. “É preciso estimular o empreendedorismo, dar condições ao desenvolvimento para quem quer empreender”, comentou, defendendo ainda – com um discurso bem à esquerda – a taxação das super fortunas e a cobrança de impostos mais altos, pelo governo, de quem gasta muito dinheiro por meio da especulação financeira.

Sobre o futuro do Brasil, Paulo Guedes entende que o país será a segurança mundial em termos de abastecimento de energia e de alimentos. “Nós temos tudo, aqui. Capacidade de produzir alimentos com segurança e preservação ambiental, recursos naturais para geração de energia limpa, e isso, entre muitos outros fatores, pode nos credenciar para que o Brasil possa receber investimentos considerando critérios como a proximidade com os Estados Unidos e nossa boa relação com os americanos, além de termos uma matriz energética limpa e em condições de produzir mais, no campo, sem destruir a Amazônia.

Presidente Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, homenageou ex-ministro Paulo Guedes com troféu

O que ele falou

  • 1 – Guedes dividiu a palestra em três momentos: desordem mundial, para onde o mundo irá, e o contexto brasileiro. Depois de um resgate histórico sobre as últimas décadas, o economista destacou no plano global as incertezas trazidas pelo aumento das tensões geopolíticas e o impacto desses conflitos na economia mundial. “A Guerra Fria está viva, só mudou de forma. Hoje, a liderança é da China. O mundo está irreversivelmente rompido”, comentou.
  • 2 – Apesar de exemplos como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e os conflitos em andamento no Oriente Médio, o ex-ministro afirmou que uma Terceira Guerra Mundial seria improvável, pois representaria um desastre para grandes potências mundiais e suas economias fortemente interdependentes: “Seria um suicídio para a China e para os Estados Unidos”.
  • 3 – Ele ainda abordou a ascensão política do conservadorismo, em que períodos de incerteza e estagnação econômica geram frustrações populares, traduzidas em apoio às políticas conservadoras e de proteção nacional. “O Ocidente entrou em modo sobrevivência. Os conservadores estão vindo, porque defendem os princípios da civilização ocidental”, ressaltou.
  • 4 – Por fim, sobre o Brasil, Guedes apontou que o país possui recursos naturais abundantes, um mercado consumidor expressivo e oportunidades únicas em áreas como agricultura, energia renovável, tecnologia e segurança cibernética: “O Brasil tem toda uma fronteira de investimento pela frente, basta ter consciência e seguir no caminho da prosperidade, em que já estávamos”.

Bono, do Sindilojas, gostou do que ouviu

O presidente do Sindilojas de Farroupilha, Cladir Bono, disse que ficou feliz com que Paulo Guedes disse na palestra ao grupo de empresários gaúchos, na sede da Fecomércio. “foi um momento ímpar ouvir um ex-ministro nos animar e nos dizer que o Brasil tem a possibilidade de, daqui para frente, ser próspero e desenvolvido porque o pessoal mais conservador vai dominar as questões políticas e econômicas”.

Segundo o presidente Bono, é “muito positiva a expectativa de que o empreendedorismo, interno e externo, vai se tornar realidade assim que forem superadas as divergências políticas extremistas. Isso vai ser o fim da decadência que estamos vivendo hoje, ladeira abaixo, Nosso país só não está pior que a Argentina (política e economicamente) por questão de detalhes. Então, ouvir um ex-ministro como Paulo Guedes falar que devemos ter esperança, que o conservadorismo ainda vai gerar empregos e fortalecer nossa economia, não tem preço, é muito reconfortante”.

Presidente Cladir Bono (C) liderou comitiva de empresários de Farroupilha que foi ouvir palestra de Paulo Guedes