A grande arte está nas pequenas gotas

Fotógrafa farroupilhense Andrea Laybauer, especialista em macrofotografia,
expõe seus trabalhos no Moinhos Shopping de Porto Alegre

Tatiane De Bastiani

Segue até o dia 27 de junho, no Moinhos Shopping em Porto Alegre, a exposição “E de repente Splash!”, da artista farroupilhense Andrea Laybauer. A mostra tem entrada franca e pode ser visitada de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingo das 11h às 22h.

Única fotógrafa especialista em macrofotografia (técnica fotográfica para imagens pequenas bem aproximadas e em alta velocidade) de gotas de água em movimento no Brasil, ela reside desde 2006 em São Paulo, onde possui o atelier Arte em Gotas D'Água. Ali apresenta seus trabalhos, entre eles, coleções limitadas e exclusivas de Drop Shots (em português, fotos de gotas), especialidade da artista, de 28 anos.

Andrea, que já trabalhava em Farroupilha como fotógrafa, resolveu ir a São Paulo para tentar trabalho com a macrofotografia, mas percebeu um mercado saturado na área. Precisaria de um diferencial para se destacar. “Teve um dia que vi a pia de minha casa pingando e resolvi fotografar as gotas. Foi então que percebi que a imagem do azulejo se refletia na própria gota. Ali surgiu meu trabalho. A ideia veio de repente, mas a busca já existia.”

A produção fotográfica consiste em combinar duas técnicas em uma única fotografia: o splash, que é a captura da imagem feita em alta velocidade, para congelar o exato momento em que gotas se chocam a uma superfície líquida e a reflexão de imagem devido a refração da luz, onde a gota de água se comporta como uma lente convergente. Assim, gera-se um reflexo invertido e menor da imagem que está como plano de fundo, ou seja, uma cópia dessa imagem dentro da própria gota. Com estas técnicas associadas, é possível obter fotos irreverentes que revelam detalhes do mundo, impossíveis de serem percebidos pelos nossos sentidos, sem precisar de programas de edições de imagens. Tudo acontece ao natural.

No início, na descoberta da união das técnicas, as dificuldades foram grandes, pois não foram poucos os ensaios até obter os primeiros resultados interessantes. “Não se tratava apenas de fotografar gotas, e sim de utilizar as gotas para despertar sentimentos, percepções e, quem sabe, ações”, destaca Andrea.

O trabalho árduo deu certo. Conforme relata, começou com até 600 flashes para conseguir unir as técnicas e alcançar o resultado esperado: a imagem perfeita, ao natural. Hoje, com cerca de 200 flashes já é possível realizar o trabalho, o que demonstra a notável experiência da artista. “Hoje me sinto realizada”, orgulha-se Andrea, que define seu trabalho como fotografar e congelar detalhes que não são percebidos a olho nu.

Por trabalhar com fonte renovável, a conscientização ambiental está aliada ao trabalho de Andrea. A artista mantém estilo de vida consciente, reutilizando a água de suas sessões fotográficas e revela que as exposições normalmente servem para chamar a atenção do público para os cuidados ambientais. “Com uma simples gota é possível fazer arte, é preciso cuidar de cada uma delas”, enfatiza.

De Farroupilha Andrea recorda com muita saudade da família. Apesar do sentimento, a artista disse que precisa estar em São Paulo, pois é ali que se concentra seu público alvo. “No primeiro ano foi difícil, mas agora me acostumei. Aqui vivemos inteiramente 24 horas. Aqui é o centro do Brasil para as artes”.

Pelo mundo
A fotógrafa integra seleto grupo de representantes brasileiros que estarão nas bienais de arte de Firenze, em dezembro de 2011, e em Roma em janeiro de 2012, do qual muito orgulha-se. No final do ano passado seu catálogo foi parar em mãos de uma das representantes das Bienais Italianas, Lívia Bucci, que também admirou o trabalh e resolveu convidá-la para participar. Andrea diz que as fotografias ainda não são muito expostas nas bienais, mas aos poucos, estes trabalhos estão ganhando mais espaços, já que ela está entre os dez fotógrafos que participarão do grupo brasileiro.

Andrea por Andrea
“Sou uma leonina persistente e determinada. Sempre tive curiosidade para descobrir como são as coisas para além do que os olhos nos permitem ver. Ainda pequena, ganhei um microscópio que logo se transformou num dos meus brinquedos favoritos. Adorava me aventurar pelo mundo macro vendo os detalhes das folhas, da pele, das asas dos insetos, dos fios do bigode do meu gato, através das lentes do meu microscópio. Essa busca pelo detalhe se definiu quando me encontrei com a máquina fotográfica, e com o tempo, se encaminhou para a macrofotografia de gotas de água.”
Extraído do site da artista www.andrealaybauer.com