A chance de ser melhor
Esta semana foi criado um grupo no Whatsapp da minha turma da 8ª série da Escola Nossa Senhora de Lourdes
Esta semana foi criado um grupo no Whatsapp da minha turma da 8ª série da Escola Nossa Senhora de Lourdes do ano de 1989. Está sendo muito bacana reencontrar os ex-colegas de aula e ver como estamos depois de passados 33 anos. Na época éramos jovens adolescentes, gozávamos da ingenuidade e vitalidade juvenil, hoje, somos todos adultos amadurecidos e um pouco calejados pelo tempo. No grupo as brincadeiras surgem quando relembramos as “façanhas” vividas juntos e as marcas que o tempo nos deixou, os cabelos brancos e os olhos que já não veem tão bem, são algumas delas.
Éramos em 46 alunos, dessa turma formaram-se professores, empresários, jornalistas, médicos, psicólogos, arquitetos, engenheiros, chefs de cozinha, artistas, políticos, enfim, profissionais bem-sucedidos nas mais diversas áreas. A grande maioria constituiu família, tem filhos, residem e trabalham em Farroupilha e região, alguns estabeleceram-se em outras regiões do Brasil e do mundo.
O que me motivou escrever usando esse fato e analogia foi a revelação de quanto as experiencias vividas influenciam na nossa formação e o quanto essas memórias permanecem em nós e nos pautam cotidianamente, mesmo sem dar-nos conta disso. Afinal, somos frutos do meio em que crescemos e o produto das experiencias que tivemos.
Todos, da nossa turma, tivemos a sorte de haver nascido em famílias estruturadas, que puderam proporcionar boas condições para o nosso desenvolvimento. Para todos nós não faltaram recursos e todas as necessidades foram supridas. Foi um grande privilégio ter vivido essa experiência, haver interagido e ter feito parte dessa turma legal.
Fomos educados com o entendimento de que esse privilégio deveria ser comum a todos e, recebemos essa responsabilidade. É óbvio que é menos traumático, mais saudável, prazeroso e muito menos dispendioso crescer e aprender num ambiente positivo, onde o amor, o respeito e a alegria estejam presentes e os recursos não faltem. Aliás, assim deveria ser o processo evolutivo para todos, modo a tornar-se uma cultura nacional.
Agora, imaginemos como é difícil para aqueles que nascem e crescem num ambiente hostil onde falta tudo, inclusive o amor. Onde as memórias são de carência, dificuldades e segregação. Onde vivem expostos sob o juízo algoz da meritocracia, imposta por aqueles que tiveram tudo. E fácil dizer que os “bons modos” se aprende em casa com os pais, mas, é importante saber que muitas crianças e adolescentes não tem comida, casa e nem referência de família como nós tivemos. É para sanar isso que existem as políticas sociais e os direitos humanos, eles são instrumentos criados para garantir a dignidade, diminuir a marginalização e impedir a tirania. Ninguém quer ser excluído, ninguém quer ser desprezado, ninguém quer ser escravizado, ninguém quer ser ladrão. Talvez toda a violência que vemos seja apenas fruto do meio e das experiências vividas.
Se quisermos ter boas lembranças e orgulhar-nos delas, temos a obrigação de contribuir para que isso aconteça, sobretudo nesse momento, escolhendo um líder que busque proporcionar a todos, sobretudo aos menos favorecidos, igualdade social. Não se trata de tirar de quem tem e tornar os ricos menos ricos, mas, de proporcionar àqueles que não São e não Tem a chance de Ser e Ter. Dessa forma estaremos gerando uma “turma legal” onde cada um de nós se reconheça um pouco no outro, se admire mutuamente, respeite as diferenças e se sinta orgulhosa de ser chamada Nação.
Saúde a todos!!!