Só Fred explica!

O mundo está de olho nas notícias relacionadas ao coronavírus. Mas como são os bastidores do tratamento da covid-19? Fiz

O mundo está de olho nas notícias relacionadas ao coronavírus. Mas como são os bastidores do tratamento da covid-19? Fiz essa pergunta ao amigo Frederico Carvalhaes, de Vitória (ES), que após 16 dias hospitalizado (sendo oito em coma) teve alta sob aplausos dos funcionários e da esposa Ivana – que filmou emocionada sua saída do hospital.

Fred, como é chamado afetuosamente pelos amigos, explica: “Após saber que havia contraído o vírus, em nenhum momento me desesperei. Ainda que o foco de parte da imprensa seja o número de óbitos e não o de curados e em recuperação (que é bem maior), eu escolhi o olhar da vida e não o da morte”. E não fica um único olho seco quando fala sobre a importância da esposa no seu processo de recuperação: “A Ivana suportou o que eu não suportaria. Ela chorava sozinha para não transparecer a aflição”.

Na maioria das vezes, o paciente que vence uma doença grave sente que ganhou nova chance, não para consertar os anos passados, mas para acrescentar vida aos anos futuros. Sabendo disso, perguntei-lhe se algo mudou ao voltar para casa e saber que estava começando o primeiro dia do resto de sua vida. Fred explica: “Não tinha o costume de orar. E ali, naquele leito, pedia a Deus todos os dias uma nova chance para poder dar um filho a minha esposa. Muitas vezes, só lembramos de Deus nas horas difíceis. Quando tudo está em seu devido lugar, nos sentimos tão fortes que nos esquecemos de sua bondade. Além disso, passei a organizar meu tempo para cuidar mais de mim: frequentar a academia, fazer caminhadas e adotar uma alimentação mais saudável mesmo com a rotina corrida”.

Todavia, foi o vivenciar de uma experiência “fora do corpo” que o fez repensar sua espiritualidade. Fred explica: “Eu me vi fora do corpo durante o período que estive em coma, e via e ouvia tudo do alto, como se estivesse suspenso, o que me fez perceber que o ser humano é mais que seu corpo físico. E passeei pelo hospital e tentei me comunicar com as pessoas. Contei aos médicos que lembro dos oito dias que fiquei desacordado (que pareceram apenas minutos) da mesma maneira que lembro de um fato vivido, quando estava acordado e de olhos abertos”.
Como isso é possível? Plagiando uma afirmativa usada para situações que a razão não compreende: “Só Fred explica!”.