Racionalizando…

O ano não tem sido fácil para ninguém, em nenhum lugar do mundo, imagino. Chego a sentir saudade da rotina

O ano não tem sido fácil para ninguém, em nenhum lugar do mundo, imagino. Chego a sentir saudade da rotina estabelecida antes do coronavírus, com a vida cheia de horários e de atividades. Tudo mudou.

O isolamento trouxe outras necessidades e descobertas, nem tão inéditas assim. Por exemplo, sempre soube que não tinha aptidão alguma para ensinar. Não me faço entender por uma criança de sete anos! Total falta de habilidade de minha parte. Já era assim na primeira filha. Só piorou.

Quer conversar sobre qualquer assunto? Estimulo, dentro de casa. Sempre rende. Mas na hora de fazer as tarefas escolares, toda minha desenvoltura desaparece. Santos professores! Ainda bem que hoje conto com o auxílio de uma adolescente com mais traquejo para este tipo de resultado.

É um desafio equilibrar o trabalho, que há muito já era realizado em ambiente doméstico, com crianças dentro de casa e a sempre constante falta de silêncio. Música, TV com volume alto, questionamentos, solicitações daquelas que se iniciam com o sonoro “Manheeee”… tudo competindo com a concentração necessária para transformar pensamentos em escrita!

Somam-se a isso, acontecimentos que escapam do nosso controle e nos proporcionam vivências intensas, capazes de mudarem princípios e objetivos. A doença tem esse poder. Mas a graça aparece e traz com ela uma nova etapa.

Tantos sentimentos deram as caras neste intenso 2020! Difícil até racionalizar. Ainda vivemos a agressividade da pandemia, as restrições nascidas dela e tudo que resulta destes novos tempos. Será que voltaremos ao normal? Que normal será este depois deste “bendito” coronavírus?

Tudo toma uma proporção tão pequena diante do cansaço, constatado pessoalmente, dos profissionais de saúde neste enfrentamento desigual pelo qual passa nosso planeta. Ainda assim, entendo que cada um de nós está envolvido no cenário a que pertence. Cada um com seu talento, com suas armas. Mas quando algo como uma pandemia nos coloca em um único patamar, nos tornando susceptíveis no mesmo grau, tudo se mistura. Eu quase estou na sua pele e você, na minha.

Estamos todos no mesmo mar aberto.