Estrada

Muito tem se ouvido sobre as condições das estradas em nossa região. Ouvido e visto. É buraco atrás de buraco,

Muito tem se ouvido sobre as condições das estradas em nossa região. Ouvido e visto. É buraco atrás de buraco, que resultam em carros parados trocando pneus ao longo da rodovia. Perigo, prejuízo, indignação, raiva.

Ir e vir requer mais atenção e por que não dizer, coragem? É preciso bravura para enfrentar a estrada, assim como para enfrentar o que a vida nos traz, com suas surpresas e acontecimentos previstos apenas por Deus.

Há quem deteste rotina. Tenho aprendido o contrário. Gostaria que tudo ficasse por tempo indeterminado do jeito que sempre foi: com nossos afetos por perto a preencherem os dias com suas ligações telefônicas, suas indagações, suas risadas. 

Uma das poucas certezas que existem enquanto transitamos por este Planeta é a de que tudo está em constante transformação. Nós mesmos, quando expirar nosso prazo de validade, nos transformaremos.

Na semana passada, a tristeza visitou-me novamente. Entrou sem ser convidada em minha casa, sentou à mesa com minha família, roubou nosso sono, aumentando ainda mais o frio, que parece ter chegado.

Uma grande amiga – não apenas sogra – partiu deste mundo, deixando registrada, para sempre, sua marca em nós. Estamos todos órfãos de um afeto poderoso. Meu marido, assim como seus irmãos e seu pai, infelizmente foi apresentado ao vazio que a partida de um grande amor deixa dentro de nós. 2019 tem sido um austero mestre. 

Não escapei de comparar, no começo da semana, a quantidade de pessoas que foram às ruas em apoio ao Ministro da Justiça Sérgio Moro à quantidade de sentimentos que nos invadem com a morte de quem amamos. Eles vêm à tona, tomam espaços, gritam, se mostram. 

Sabemos que percorreremos nossa estrada com trechos perfeitos, sol brilhando, temperatura agradável, assim como teremos que passar pelos buracos, pelo mau tempo, pelo frio que congela o ânimo. Temos um destino, afinal, e por isso não podemos parar, embora esta seja a vontade, às vezes: ficar quieto à margem da estrada. E apenas chorar.