Religiosa natural de Farroupilha é premiada pela ONU

Irmã Rosita Milesi, que trabalha em Brasília, ajudou milhares de pessoas a obter documentos, abrigo ou acesso ao mercado de trabalho no país

Silvestre Santos
silvestre@ofarroupilha.com.br

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É de Farroupilha a irmã Rosita Milesi, distinguida nesta quarta-feira, 9 de outubro, com o Prêmio Nansen, concedido pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) por seu trabalho em favor dos deslocados e refugiados. A religiosa, de 79 anos e da Ordem Scalabriniana, é advogada com atuação em Brasília, onde fundou em 1999 o Instituto para as Migrações e os Direitos Humanos (IMDH). Ela “ajudou milhares de pessoas a obter documentos administrativos, abrigo ou acesso ao mercado de trabalho no Brasil durante mais de 40 anos”, destacou a Acnur ao anunciar o nome da laureada.

“Decidi me dedicar aos migrantes e refugiados. Sou inspirada pela necessidade crescente de ajudar, acolher e integrar os refugiados”, declarou a religiosa, em comunicado, logo após tomar conhecimento da distinção. “Não tenho medo de agir, mesmo que não consigamos tudo o que queremos,” acrescentou. A instituição que ela dirige se dedica ao atendimento jurídico e social, ao acolhimento humanitário e à integração social e ao mercado de trabalho de migrantes, requerentes de asilo, refugiados e apátridas. O foco principal são as pessoas em situação de maior vulnerabilidade.

O ano em que fundou o IMDH correspondeu à chegada ao Brasil de um grande número de refugiados vindos de Angola, fugindo da guerra civil que durou até 2002. De 1990 até 2002 calcula-se que 2.300 angolanos tenham pedido refúgio no governo brasileiro, de acordo com a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro.  Quatro representantes regionais também foram premiadas ao lado da brasileira.

“Com muita frequência, as mulheres enfrentam riscos elevados de discriminação e violência, especialmente quando são forçadas a fugir”, declarou Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. “Mas essas cinco laureadas mostram que as mulheres também desempenham um papel essencial na resposta humanitária e na busca por soluções”, destacou Grandi.

As outras quatro

  • Maimouna Ba, uma ativista do Burkina Faso que ajudou mais de 100 crianças deslocadas a retornarem à escola
  • Jin Davod, uma refugiada síria que criou uma plataforma online para conectar milhares de sobreviventes com terapeutas
  • Nada Fadol, uma refugiada sudanesa que mobilizou ajuda para centenas de famílias de refugiados fugindo para o Egito
  • Deepti Gurung, que fez campanha para reformar as leis sobre cidadania no Nepal depois de descobrir que suas filhas se tornaram apátridas

O prêmio

  • Criado em 1954, o prêmio é em também em dinheiro, de US$ 100 mil.
  • Leva o nome do explorador polar norueguês Fridtjof Nansen, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1922.
  • Ele foi o primeiro alto comissário para os refugiados da Sociedade das Nações, precursora da ONU.