Programa Aqui é Meu Lar visita Vinícola Colombo, na Capela São Roque, interior de Farroupilha
A Vinícola Colombo preserva a história há três gerações. É uma empresa familiar que produz vinho de excelente qualidade e passou a empreender no setor do turismo, integrando o Projeto Turístico Caminhos de Caravaggio
O Jornal ‘O Farroupilha’ em parceria com a Rádio Miriam Caravaggio 95.7 FM, publica a partir desta edição o programa Aqui é Meu Lar, que vai ao ar na emissora todos os sábados, às 8h da manhã, durante os meses de outubro, novembro e dezembro. Esta é a sexta edição do projeto que visa conversar com agricultores, mostrando a realidade do setor primário, as histórias das famílias, as dificuldades, os desafios e as exigências de inovação.
O objetivo é valorizar os agricultores na sua atividade, família, espiritualidade, dificuldades, lutas, conquistas e a importância sócio-econômica para o município. Em 2019 o tema abordado foi Sucessão Rural. Em 2020, a relação das famílias com a comunidade onde vivem. Em 2021, Cooperativados: uma relação mútua – a trajetória das famílias associadas às cooperativas e, em 2022, “Essas Mulheres”, o protagonismo feminino na agricultura.
Em 2023 o tema abordado foi “Pés no interior, olhos na cidade. Volta às origens”, uma conversa com pessoas que vivem no interior e estudam na cidade, ou que, por muito tempo, tiveram uma vida urbana e decidiram ir para o interior produzir, mesmo que não tenham nascidos no meio rural. Em 2024 o tema é “Nossas Vinícolas: empreendendorismo e prosperidade”. Serão 10 edições, até dia 21 de dezembro.
Vinda da Itália a família Colombo instalou-se em São Roque, no 4º Distrito do município de Farroupilha. Neste local, começou a cultivar uvas, atividade até hoje realizada com dedicação por seus sucessores. A Vinícola Casa Colombo é uma empresa familiar de origem italiana, que criou raízes no interior do município. Com o passar do tempo, além do vinho, passou a oferecer estadia em uma casa centenária em meio à natureza, integrando o Projeto Turístico Caminhos de Caravaggio.
Essa história começa em 1917, quando Augusto Colombo e sua esposa Helena Cirone compraram a propriedade que hoje está nas mãos da terceira geração. Mas, antes, Ori Colombo, um dos 13 filhos de Augusto, se casou com Renilda Mazuchini Colombo, constituiu família e assumiu a propriedade. O casal deu continuidade à produção de uva e na elaboração de vinhos que eram comercializados na cooperativa, atividade desenvolvida até a década de 80.
Antônio Colombo é um dos três filhos de Ori, que decidiu dar continuidade à vocação do pai. Após se casar com a professora Rosane Tomazini, seguiu o ofício sozinho, enquanto a esposa trabalhou até 2018, como docente. Ao se aposentar ela assumiu, com o marido, a atividade agrícola.
Um marco determinante para a ampliação e a decisão de transformar a propriedade em um negócio mais rentável, de forma definitiva, foi o convite para participar do Projeto Caminho de Caravaggio, em 2018. Neste momento, conta Antônio, já estava sendo reformada a casa centenária dos avós, desde 2015. Mas foi em junho de 2019 que iniciou a atividade de hospedagem, incorporado à vinícola, que já produzia vinhos e sucos. Neste período, a Casa Colombo enfrentou a pandemia do coronavírus e as enchentes do começo de maio deste ano. Desde 2019, até março de 2024, são mais de três mil hospedes oriundos da peregrinação.
A atividade com a parreira ainda segue para a elaboração de vinhos, aliada à hospedagem. Em função desse tipo de acolhimento, fez-se necessária a construção de um espaço para a instalação da cozinha que oferece alimentação aos peregrinos dos Caminhos de Caravaggio, assim como é feita a locação do espaço para realização de eventos festivos.
A história da Casa Colombo, como cantina, começou em 1932, com seu avô, Augusto, que já vinha elaborando pequenas amostras de vinhos para consumo da família e o fornecimento de uma média de três mil litros para a cooperativa. A empresa ampliou sua produção para 40 mil litros na década de 60 e, na década 90, a cantina passou a produzir uma média anual de 600 mil litros de vinhos, com capacidade para produzir a metade com uva própria e, o restante, adquirido de outros produtores.
Hoje o maior volume da produção é com o vinho de mesa, com o Bordô, Niágara e Isabel, e uma pequena quantidade das viníferas Moscato e Cabernet, que mais tarde se agrega ao Tanat e Merlot. Desde 2021, entrou na produção de vinhos as viníferas das variedades Chardonnay e a Marselan, porém, em volumes menores. Atualmente a cantina diminuiu a produção por safra, chegado a 80 mil litros, sendo que parte da uva vem dos próprios parreirais. Parte do vinho é envazado com a marca Dom Guilherme, assim como os de mesa e o suco de uva. Já os espumantes e os vinhos finos são engarrafados com a marca Antônio Augusto Colombo. E ainda tem um volume vendido a granel, para outras cantinas, que acabam envazando com marcas de terceiros.
A Vinícola Colombo está localizada em uma área de 15 hectares, sendo que em torno de três hectares são utilizados para o cultivo da uva, maior quantidade para a Bordô. A área de construção compreende 700 metros quadrados que tem capacidade para produzir em torno de 300 mil litros de vinhos, nos tanques de madeira e inox.
Envolvimento da família
Laura Colombo é a caçula da família e estuda Odontologia na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Ela divide seu tempo de estudo com a administração do serviço de Enoturismo, guia e as experiências da casa, o que a levou, inclusive, a fazer um curso de sommelier para melhor atender aos visitantes com informações sobre os produtos, história e interação com o público que chega ao local. Ela também cuida das redes sociais, administra os eventos e orçamentos. A família ainda conta com Fernanda, design de interiores que também ajuda, principalmente, nos eventos. O irmão, Felipe, atua na área da Odontologia e participa com a família nas decisões, pois trata-se de uma empresa familiar.
Ela vê com grande expectativa o futuro do negócio, e relata que, antes, a produção era voltada para o vinho a granel, quando o cliente final não chegava até a cantina. Com a entrada no projeto, a empresa reduziu esse tipo de produção e passou a elaborar vinhos envazados com rótulos da própria vinícola e atender aos visitantes, no local. Desta forma, a Casa Colombo está focada em receber o cliente para que ele conheça a história da empresa e os espaços, deguste os produtos e adquira as marcas oferecidas. A Colombo aposta na expansão do enoturismo e da hospedagem oferecida aos turistas. A abertura de um espaço para eventos está no radar da família como um dos negócios que vai alavancar o faturamento e a ampliar a excelência da Vinícola Colombo.
A fé em Nossa Senhora do Caravaggio
“Eu acredito muito em Nossa Senhora de Caravaggio. Ela estava me mostrando qual o caminho que eu deveria seguir, porque eu tenho a casa dos avós e ela estava bem danificada e precisava ser arrumada. Parecia que eu tinha uma luz que me dizia ‘vai ajeitando ela’, e eu comecei no final de 2015 a reforma dela e em 2018 fomos convidados. Eu sinto isso que ela estava me mostrando, vai fazendo, vou precisar dela, e em 2019, começou essa nova história da Vinícola de hospedar peregrinos. Então Nossa Senhora está aqui com a gente e com todos os peregrinos, é uma grande alegria estar realizando esse trabalho”, afirma.
Colombo revela que fez uma enquete com algumas pessoas e muitos lhe sugeriram a preservar a história da família. Alguns outros, no entanto, aconselharam a derrubar e dar novo destino ao imóvel com mais de 100 anos. “Afinal, a coisa melhor que eu fiz foi preservar, porque tem a história do meu avô, que teve 13 filhos, depois meu pai que deu continuidade. Então tem a história da família Colombo que está ali preservada com a casa. Estamos utilizando ela para hospedar os peregrinos e outras famílias que vêm até aqui”, recorda.
Antônio conta também que antes de entrar no projeto a família pouco visitava a propriedade, a não ser ele próprio, que sempre desenvolveu suas atividades na vinícola. Agora, os filhos visitam quase todos os fins de semana, promovem festas e encontros e até ajudam na cantina. A vinícola é uma das sócias da Associacão Farroupilhense de Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados (Afavin), desde o início de sua criação, há 20 anos, e participa anualmente do Festival do Moscatel e da Seleção de Vinhos de Farroupilha.
O olhar, agora, da família Colombo, é para os próximos meses, com o retorno dos peregrinos ao roteiro Caminhos de Caravaggio, já que estavam afastados devidos às enchentes de maio. É um percurso de 200 quilômetro, de Canela a Farroupilha, que sofreu abalos com deslizamentos, quedas de pontes e avarias de estradas.