O farroupilhense dos leões de Cannes
Ele tem a vida que muitos querem para si: é premiado na carreira publicitária e trabalha em home office, em São Paulo, com as marcas mais criativas do mundo. Quem é Fabrício Pretto?
O mundo da publicidade sempre fez a roda da economia girar, movimentando negócios com a divulgação de marcas e produtos. O reconhecimento aos melhores é representando por um cobiçado leão em um evento que acontece desde 1954, o Cannes Lions Festival Internacional.
Recentemente realizado na França, o Brasil fechou sua participação no festival com 70 leões: 10 de ouro, 24 de prata e 36 de bronze, alçando, com isso, a posição para terceiro país mais criativo do mundo!
Neste resultado, uma agência de São Paulo ficou entre as brasileiras mais premiadas: a David, que conquistou oito Leões, sendo dois Ouros, três Pratas e três Bronzes – todos para um único cliente, o Burger King.
A David tem seu nome inspirado no fundador da Ogilvy (David Ogilvy), uma rede criativa presente em mais de 80 países, e em 10 anos de atuação possui escritórios em Bogotá, Buenos Aires, Miami, Madri e São Paulo, onde trabalha um diretor de criação farroupilhense, acostumado às premiações da carreira que escolheu. Fabrício Pretto.
Formado em Publicidade e Propaganda pela Unisinos, o filho do seu Wilson e da dona Marli, irmão do Gustavo e marido da Bárbara tem uma trajetória profissional dos sonhos de muitos jovens e o que compartilha serve de inspiração.
Acompanhe a entrevista.
JF – Estava em Porto Alegre, na DM9Sul, onde foi bastante premiado, quando foi para São Paulo?
Conte um pouco dos caminhos que te levaram à DAVID.
FP – Mudei para São Paulo em 2016. Foi tudo muito novo para mim, houve uma fusão da agência que eu trabalhava na época com uma agência de São Paulo. Então não tive muitas escolhas. Por mais que tivesse saído de uma cidade grande como Porto Alegre, São Paulo assusta. O ritmo de vida e trabalho são completamente diferentes. Mas aos poucos fui me acostumando. Hoje em dia sou apaixonado pela cidade, um lugar cheio de oportunidades. Já no primeiro ano de São Paulo consegui criar algumas campanhas relevantes para marcas nacionais, o que me abriu portas para trabalhar em uma agência de ponta como a DAVID.
JF – Como é trabalhar em uma agência como a DAVID?
FP – É uma oportunidade única de trabalhar com algumas das marcas mais criativas do mundo, como Burger King, Ambev e Coca-Cola, além de estar lado a lado com profissionais muito reconhecidos na profissão. Trabalhar na DAVID é, na minha opinião, viver a propaganda no máximo. Podendo inventar, experimentar e, mais importante, ousar.
JF – Há quanto tempo está na agência? Já entrou como diretor de criação? Falando no cargo, quantos anos tinha quando conquistou a posição?
FP – Entrei na DAVID em 2018 na posição de Criativo. Já no primeiro ano da DAVID comecei a assumir responsabilidades de Diretor de Criação, na época eu tinha 31 anos. A promoção foi bem gradativa. Assumir um cargo de liderança requer muita responsabilidade, afinal é o principal setor de uma agência de propaganda e na DAVID é uma área com mais de 40 colaboradores.
JF – Como foi a experiência de ganhar oito leões no Cannes Lions Festival?
FP – O Festival de Cannes é como se fosse o Oscar, só que da propaganda. São milhares de trabalhos inscritos ao redor mundo e pouquíssimos deles viram prêmios. Ganhar um leão é motivo de muito orgulho, ganhar 8 na mesma edição é algo inimaginável. Não imaginamos isso nem nas nossas melhores previsões. Foi, sem dúvida, uma das melhores experiências da vida.
JF – O que é preciso para chegar ao ponto em que está? Você tem 34 anos, uma carreira de sucesso, com prêmios internacionais no currículo…
FP – Acho que não existe uma fórmula de sucesso. No entanto, tem decisões que aumentam as chances. Eu sempre priorizei o aprendizado na escolha de empregos. Me esforcei para trabalhar perto dos profissionais que mais respeitava. Passei por mais de sete agências diferentes para acumular o máximo de conhecimento. E só aos 31 anos, na DAVID, comecei a implementar o meu estilo de trabalho. Obviamente, todos os clichês como trabalhar muito, persistência e dedicação são essenciais.
JF – Imaginava esta trajetória quando ainda morava em Farroupilha?
FP – Não mesmo. Fui morar em Porto Alegre com 19 anos. Comecei trabalhando como estagiário na Agência Escala. Foram longos anos trabalhando pesado. Sempre achei que para a profissão de publicitário precisava estar em mercados maiores e isso acabou facilitando bastante o aprendizado e o crescimento na área.
JF – O que quer do seu futuro, se para muitos já está vivendo o futuro ideal? Manter os quesitos que justificam as conquistas já é bastante desafiador, não?
FP – Sem dúvida, manter os bons resultados já é muito desafiador. Ainda mais em uma profissão de constante evolução como a propaganda. Mas a DAVID tem inúmeros desafios. Queremos nos tornar uma agência cada vez mais global. Ainda existem muitas oportunidades e muitos escritórios para serem abertos.
JF – Qual sua mensagem para quem está começando na carreira?
FP – Primeiro ponto é encontrar essa paixão individual. Para mim, trabalhar com propaganda sempre foi uma diversão. Nunca foi algo pesado. Segundo ponto é despertar o lado autodidata sobre a profissão escolhida. Hoje em dia o acesso à informação é muito fácil. Eu sempre consumi muito conteúdo como livros, podcasts, entrevistas, vídeos, palestras, tutoriais. Isso ajudou muito na evolução da carreira.
JF – Seus pais estão em Farroupilha. Acha que quando for mais velho retornará para sua cidade natal?
FP – Difícil dizer, Farroupilha é uma cidade incrível! Eu me mudei para São Paulo querendo odiar a cidade. Hoje em dia não consigo me imaginar morando em outro lugar.
REPORTAGEM: Claudia Iembo