Farroupilhense irmã Rosita recebe reconhecimento global no Prêmio Nansen 2024

Entrega aconteceu nesta segunda-feira, 14 de outubro, em pomposa solenidade realizada na cidade de Genebra, na Suíça

A brasileira Irmã Rosita Milesi, 79 anos, recebeu reconhecimento global no Prêmio Nansen do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur 2024), uma das mais tradicionais e maiores honrarias internacionais, pela atuação na defesa dos direitos das pessoas refugiadas. Ao apresentar a grande vencedora da cerimônia, o alto comissário do Acnur, Filippo Grandi reforçou a admiração de longa data dos trabalhadores humanitários por irmã Rosita.

“Irmã Rosita é uma lenda para muitos no Acnur, e ela tem sido reconhecida assim há muito tempo. Muitos dos meus colegas acompanham e admiram sua coragem e liderança. Ela é uma irmã católica, trabalhadora humanitária e social, advogada e ativista. Mas acima de tudo, ela é irmã. Quem tem irmã sabe o que as irmãs fazem. Irmãs cuidam. Ela faz um trabalho incrível para migrantes e refugiados no Brasil. Ela ajuda com documentos, aulas, comida, lar. Isso é cuidar. Mas também sabemos que irmãs guiam. Ela tem sido uma guia fenomenal. Ela conseguiu mudar a legislação em seu país”, comentou Grandi.

A homenageada ajudou milhares de pessoas refugiadas facilitando o acesso a abrigo, alimentação, cuidados de saúde, treinamento de idiomas, geração de renda e documentação, no Brasil. Seu trabalho na Lei de Refugiados de 1997 ajudou a ampliar os direitos das pessoas refugiadas em consonância com a Declaração de Cartagena de 1984, assegurando assim que a lei contemple mais ações para proteger, incluir e empoderar pessoas forçadas a fugir, em conformidade com os padrões internacionais.

“Considero essencial a advocacia voltada à construção de políticas públicas. Nunca desperdicei uma oportunidade de dialogar a favor do avanço da legislação alinhada com as aspirações dos refugiados e migrantes”, discursou. “Fico feliz que as mulheres tenham sido as contempladas nesta edição do Nansen. Sou testemunha de sua resiliência enquanto agentes de transformação e ação, muitas vezes silenciosas e anônimas, mas buscando firmes a superação da discriminação e das injustiças sociais”, completa Milesi.

Importante

O palco desta edição do Prêmio Nansen foi compartilhado com outras quatro mulheres premiadas:

  • Maimouna Ba (África)
  • Jin Davod (Europa)
  • Nada Fadol (Oriente Médio e Norte da África)
  • Deepti Gurung (Ásia-Pacífico).

Saiba mais

  • O povo da Moldávia recebeu menção honrosa por atuar como um farol de humanidade.
  • Os prêmios são viabilizados pelo apoio dos governos da Noruega e da Suíça, da Fundação IKEA, e da Cidade e Cantão de Genebra.
  • Eles são nomeados em homenagem ao explorador, cientista, diplomata e humanitário norueguês Fridtjof Nansen.
  • A cerimônia foi apresentada pela atriz sul-africana Nomzamo Mbatha.
  • O evento destacou o trabalho das vencedoras e contou com apresentações da embaixadora da Boa Vontade do Acnur Kat Graham, da soprano moldava Valentina Nafornita, e de Emeli Sandé (MBE), cantora e compositora.

O vídeo

  • 1 – O vídeo completo da solenidade pode ser acessado neste link.
  • 2 – A fala (em inglês) do alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, sobre a homenageada Rosita Milesi, começa no tempo de 1h29min40seg do vídeo.
  • 3 – A entrega da medalha e do diploma e o discurso da farroupilhense iniciam no tempo de 1h39min40seg.
Nascida no interior de Farroupilha, em uma família de 12 irmãos, irmã Rosita Milesi é advogada e assistente social com destacada atuação em Brasília, onde fundou um instituto de apoio aos refugiados. Na foto, ela discursa em solenidade em Genebra, na Suíça
Foto: Miguel Pachioni/Acnur