Farroupilha parte em busca do selo de Denominação de Origem
Trabalho de levantamento de informações deve iniciar ainda este ano. Fase é atual é de captação de recurso para custear o processo
TEXTO:
Silvestre Santos
silvestre@ofarroupilha.com.br
A luta iniciada há 15 anos, em 2009, e que resultou na certificação do Indicador de Procedência (IP) para os produtos vitivinícolas elaborados em Farroupilha, vai ter uma nova etapa partir deste ano. Agora, a luta vai ser pela conquista da Denominação de Origem (DO), selo que assegura qualidades e características mais apuradas, quanto ao estilo e sabor do vinho, identificando de modo pormenorizado a terra, pessoas e história da região, no caso, informações do solo de Farroupilha e dos imigrantes e descendentes de italianos que trabalham os parreirais e elaboram o produto derivado da uva.
De acordo com João Carlos Taffarel, analista de tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, um dos fundadores da Associação Farroupilhense dos Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos de Derivados (Afavin), enólogo, fundador e um dos proprietários da Vinícola Cave Antiga, o que vai ser feito agora é a continuidade do “trabalho de campo” feito para a conquista da Indicação de Procedência. “Todo esse trabalho inicial foi feito entre 2009 e 2012, com levantamento das vinícolas de Farroupilha, georreferenciamento, mapeamento de solo, entre outras”, contou.
“A Indicação de Procedência foi confirmada em 2015. O que está acontecendo agora é a construção do projeto para chegarmos à Denominação de Origem, uma cooperação técnica entre Afavin, Embrapa, poder público e universidades. Estamos na fase de negociação e acreditamos que até junho ou julho esta primeira fase esteja concluída”, projetou Taffarel. O segundo passo vai constar do que ele chamou de “término dos estudos”, ou seja, aprofundamento dos levantamentos realizados para a conquista do IP.
Cumprida esta segunda fase será encaminhado o pedido de Denominação de Origem, para os produtos elaborados com as uvas moscatel, de Farroupilha, ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). “Não há uma expectativa de prazo ou de quando a DO pode ser concedida, porque nesta etapa a análise feita pelo Instituto é bem mais criteriosa e demorada. Entre estudos e a verificação do INPI estimamos que isso demore pelo menos uns dois anos, três anos no máximo”, afirmou o enólogo da Cave Antiga. Conforme Taffarel, um dos grandes benefícios que o município terá com o selo de Denominação de Origem é poder mostrar para o turista, à comunidade local e regional, para os consumidores de vinhos, “que aqui é um local que entrega um produto diferenciado em termos de qualidade, com características próprias para a elaboração de vinhos e espumantes e que tem uma paisagem vitivinícola única”. Todas as peculiaridades compõem a DO e ajudam no crescimento socioeconômico do lugar, no caso, Farroupilha, Capital Nacional do Moscatel.
A Denominação de Origem virá para fortalecer, ainda mais, e valorizar o ‘saber fazer’ local, que é a nossa produção de uvas Moscato e a elaboração dos nossos vinhos a partir de uvas Moscatel – João Carlos Taffarel, enólogo, fundador e propriedade da Cave Antiga e funcionário da Embrapa Uva e Vinho.
Qual é a diferença entre Moscato e Moscatel?
Moscato, Muscat e Moscatel são a mesma coisa — na verdade, são apenas variantes linguísticas: Brasil, Portugal e Espanha usam a palavra Moscatel; na Itália falam Moscato; no inglês e no francês é Muscat. A família dos Moscatéis é composta tanto por uvas tintas quanto brancas e rosadas.
O que é Indicação de Procedência e Denominação de Origem?
Indicação de Procedência
Remete ao nome geográfico do país, cidade, região ou localidade da área que tenha se tornado conhecido como centro de extração ou produção de determinado produto ou prestação de serviço. A Indicação de Procedência é um conceito que não está vinculado a uma reunião de fatores locais relacionados a características geológicas, fisiográficos ou humanas. Nela é relevante a fama que determinada região atingiu no desenvolvimento do produto ou serviço, no caso, na produção de vinhos.
Denominação de Origem
Vai mais além: refere-se ao nome geográfico de país, cidade, região ou localidade que indica onde o produto ou serviço foi feito, com a diferença de que as qualidades e características se dão exclusivamente ou essencialmente naquele meio. A Denominação de Origem traz mais detalhes como qualidade, estilo e sabor, e se relaciona também à terra, às pessoas e à história da região. Quando um produto faz a transição para uma DO, as normas e controles ficam muito específicos, como as quantidades máximas que podem ser colhidas e o processo de elaboração do vinho.