“Eu poderia caminhar normalmente e não ter feito tudo o que fiz”

A frase foi dita em 2016 pelo empresário André Alberto Dorigon, falecido no dia 14 de agosto

Outra semana trouxe a notícia da partida de alguém querido em Farroupilha. Desta vez, André Dorigon, falecido no dia 14 de agosto, depois de 60 dias de internação. Praticamente três meses separam sua morte à morte de sua mãe, dona Aloysia Elizabheta Müller Dorigon, falecida no dia 12 de maio.
A Estofados Dorigon foi pioneira na produção de estofados e poltronas na Serra Gaúcha, fundada pelo seu Dino e pela dona Aloysia, a empresa contou com a presença do filho André por muitos anos, já que ele havia entrado aos 16 para trabalhar ao lado do pai.
Em 2016, o jornal O Farroupilha foi fazer uma matéria especial com ele e na ocasião, André comentou: “Até tive vontade de trilhar outros caminhos, mas procurei manter e expandir os negócios da família. Simplesmente amo o que faço”, disse o empresário que havia iniciado na produção, colocando botões nos estofados.
Cresceu passando pela entrega das mercadorias, pela execução de pequenos trabalhos no escritório até assumir a gerência financeira. Ele, a irmã Marlene e o pai Dino costumavam tomar as decisões estratégicas dos negócios juntos, conforme nos contou.
André mostrava-se sério e reservado em seu ambiente de trabalho, mesmo tendo conversado rapidamente sobre sua vida pessoal, ressaltando o orgulho pela filha Vivian, na época com 18 anos – idade que ele tinha quando foi acometido por uma infecção na medula que paralisou os membros inferiores e o obrigou a readaptar-se ao mundo sob a perspectiva de um cadeirante. “Eu poderia caminhar normalmente e não ter feito tudo o que fiz, embora eu acredite que minha vida não teria sido muito diferente do que é hoje. Depende muito de cada um”, disse na ocasião.
André Dorigon deixou a filha Vivian, o pai Dino e os irmãos Henrique e Marlene.

André com os irmãos Henrique e Marlene

Desistir… eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.
Cora Coralina

Família: Vivian, André, Martinho, Marlene, Dino, Aloysia e Henrique

André Dorigon
Um homem que virou o jogo e se superou

A família e os amigos estão consternados com a partida do André, mas precisamos considerar que ele deixa um legado de superação e força, pois a sua condição neste mundo nunca o impediu de crescer como pessoa e servir de exemplo para todos nós.
O André conclui por ora, a sua missão neste plano, adquiriu habilidades para superar adversidades, foi resiliente, naturalmente. Nunca impediu a si próprio de aproveitar sua inteligência para realizar, para aprender, para evoluir.
Sua consciência desperta proporcionou-lhe uma visão de mundo além do que os seus olhos poderiam enxergar.
Cumpriu seu papel de filho, de irmão, de esposo e pai da Vivian, que o definiu muito bem como um ser humano não conformado.
Não se acomodou e nunca impediu a si próprio de lutar pelos seus ideais, de investir em projetos, de transformar o mundo ao seu redor. Viveu a beleza de viver como ativista, autor de sua própria história e compartilhou esse desafio por uma causa maior, a inclusão.
Não se calou diante das dificuldades e de batalhar por aquilo que acreditava porque era inspirado pelo seu Deus interno, amoroso e libertador.
Pelo seu exemplo, seguimos aprendendo que o altruísmo não se transmite pelos livros ou pela multimídia, mas apenas com exemplos de vida.
Gratidão!
Família e amigos