“Estamos aqui só pela mão de Deus”
Manicure de Farroupilha estava na ERS-122 e assistiu à queda do barranco na frente da Tenda do Pedro, no final da tarde da terça, dia 30 de abril
Silvestre Santos
silvestre@ofarroupilha.com.br
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7O que era para ser mais uma viagem para consulta de rotina do filho, Mateus, na capital dos gaúchos, transformou-se em momentos de terror em que a cabeleireira Mari Antunes, de Farroupilha, admite: “Naquele momento eu aceitei a morte. Só ficamos parados, nos abraçamos, eu fechei os olhos… Estamos aqui só pela mão de Deus, porque Ele quis!”. Mari, com o filho e a nora, Fernanda Soares, estava indo a Porto Alegre mas, devido ao grande volume de água na estrada e ao perigo cada vez mais crescente, decidiram adiar a consulta e voltar para Farroupilha.
Na altura do quilômetro 38 da ERS-122, Fernanda parou o carro no acostamento, por causa de um engarrafamento gigante, na frente do barranco que mais tarde veio abaixo. Ficaram ali por cerca de uma hora, até que funcionários da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) que estavam trabalhando no local, alertaram que os motoristas deveriam retirar os carros, com urgência, e aguardar no estacionamento da tenda, ponto de parada de muitos viajantes que cruzam por ali.
“O pessoal das obras foi maravilhoso, muito competente. Não sei como eles souberam que iria descer todo aquele morro. Em poucos minutos eles tiraram todos os carros que estavam naquele lado da pista e mandaram encostar na banca”, elogia a cabeleireira. Menos de 15 minutos, depois, Mary conta que ouviu estalos de madeira e viu que o morro começou a descer na direção da estrada. “A gente correu o que deu, mas teve um momento em que a gente não tinha mais para onde ir”, lembra. “Foi a coisa mais horrível que eu presenciei na minha vida”, garante ela.
O pânico e o trauma
Ainda sobre os momentos de terror enfrentados, Mari garante que o pânico foi “muito grande, sem explicação!”. Mesmo depois de estar no conforto do lar, ela relembrou para a reportagem de O Farroupilha, nesta semana, o que sentiu quando percebeu o barranco desmoronando em direção à estrada. “Me faltam palavras para descrever o que foi aquilo… Parecia um filme de terror aquele morro descendo, estalando tudo, caindo terra, barro, árvore… A gente ainda está bem traumatizado com isso, nem é bom pensar naquele momento”, afirmou a cabeleireira.