Cignachi: “quebra na safra de uva exige solução urgente”

Quebra da safra pode ultrapassar 70% e impacto poderá chegar a R$ 2 bilhões de prejuizos, tornando-se o mais duro

Quebra da safra pode ultrapassar 70% e impacto poderá chegar a R$ 2 bilhões de prejuizos, tornando-se o mais duro golpe sofrido pelo agricultor e pela cadeia produtiva em toda sua história

Grande defensor do setor vitivinícola brasileiro, durante seu mandato de Deputado Federal, Wilson Cignachi visitou empresas e produtores para comprovar o drama vivenciado pelo setor da uva e do vinho na safra 2016.
Convocado a auxiliar o setor, com a autoridade de quem sempre lutou e acompanhou sua evolução, Wilson Cignachi e o executivo do setor Paulo Mognon estiveram em diversas propriedades na Serra para um prognóstico direto com os protagonistas do setor num contato franco e direto com todos os elos da cadeia produtiva, contemplando a maior amplitude de análise possível, em relação as especificidades do setor: agricultores, lideranças, empresários, cooperativas, empresas de transporte, empresas com estoque, sem estoque, com marcas e mercado consolidado tanto no vinho de mesa, vinhos finos, espumantes, suco de uva integral, empresas focadas no produto a granel, voltadas à produção de concentrado, localizadas em Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha, São Marcos, Campestre da Serra, Ipê, Antônio Prado, Bento Gonçalves, Pinto Bandeira e Garibaldi.
A maior frustração presenciada na historia do setor foi provocada principalmente pela quebra de 65% da produção em relação a média histórica conforme levantamento realizado em 49 municipios pela Emater/RS e agravada pela falta consenso e alinhamento entre as próprias entidades representativas, o que compromete uma tomada de decisão rápida, convergente, assertiva e imparcial, focada na agregação de valor com visão a partir do mercado, visando o fortalecimento da cadeia a partir do produtor até o mercado consumidor.
Cignachi identifica que a valorização do produtor é condição básica para estimular sua permanencia na atividade. O produtor precisa de uma visão de longo prazo com uma relação estável, orientada, preços justos, regras claras e contratos de parceria com a indústria que lhes garanta segurança de investimento em sua propriedade e consequente rentabilidade, avalia o ex-deputado. E ele acredita que o produtor precisa ser estimulado a um sentimento real de pertencimento à cadeia, ou seja, que sua visão e resultado possa ultrapassar o momento da entrega da uva na indústria ou em sua cooperativa, pois nada se tornará sustentável se não houver um mercado disposto a pagar para consumir os produtos finais elaborados com a uva entregue.
A falta de uma politica setorial clara que contemple indistintamente todos, independente das especificidades e particularidade da cadeia (a granel, mesa, finos, espumantes, sucos, concentrados), aprofunda ainda mais a frustração, uma vez que a convergencia de interesses é praticamente impossível, torna o consenso entre a cadeia produtiva acaba sendo um ato forçado com decisões que acabam não contemplando o interesse de todos e não se sustentam ao longo do tempo, como foi o caso do selo fiscal aplaudido como uma importante conquista de nivelamento competitivo e retirado melancolicamente sem motivo consistente.

O Cenário atual do setor e a crise 
1. A maior frustração de safra de todos os tempos, com números que se modificam para pior a cada dia que passa, podendo ultrapassar 70%.

2. O setor tem impressionante evolução tecnológica, altos investimentos em equipamentos, profissionalismo presente nas empresas, qualidade dos produtos e o reconhecimento através de premiações e distinções conquistadas pelas empresas internacionalmente.

3. Consolidação do espumante e do vinho nacional e principalmente o surgimento de um importante mercado conquistado com suco natural de uva integral, que cresceu em média 30% ao ano nos últimos cinco anos, superando sabores tradicionais como pessego e laranja, na preferencia de consumo.

4. Por outro lado há agricultores desmotivados, pensando em descontinuar a atividade de produção de uva, frustrados porque o governo não pagou o seguro agrícola, pelas perdas diretas da safra que chegam a R$ 350.000.000,00 (somente a parte do agricultor) e pela falta de uma política integrada e alinhada que lhes permita acreditar num futuro melhor. Este prejuízo impacta diretamente na economia de todos os municípios da Serra, mas é muito maior se considerarmos a cadeia desde os insumos ao mercado podendo chegar a R$ 2 bilhões – do vinhedo ao consumidor final.

5. Indústrias amargam a perda imediata de mercado em 30%, se comparadas as vendas de janeiro/15 x janeiro/16, fator que atingirá em cheio o produtor no médio prazo, fruto de pressão inflacionária especulativa de custos, gerado pela falta de uva e principalmente pela especulação de estoques, fatores que desiquilibraram os preços gerando um verdadeiro caos no setor.

As soluções para manter o setor

1 – Para reestabelecer o equilíbrio, repor as perdas ao produtor, abastecer e garantir o mercado conquistado, evitar o risco de importação de produto diretamente por grandes empresas que não são ligadas diretamente ao produtor, o que, definitivamente, quebraria o setor; governo, cooperativas, indústrias, sindicatos e todas as entidades representativas precisam trabalhar com altruismo, pensando na cadeia como um todo e não no interesse particular de cada um, de forma rápida, convergente, responsável sob o risco de perderem definitivamente o controle da situação. É preciso agir e reestabelecer a ordem.

2. Importação pontual e responsável, para equilibrar os estoques e abastecer o mercado, controlada pelo setor e pelo governo com autorização exclusiva para empresas ligadas diretamente ao agricultor.

3. Reposição das perdas ao agricultor, através de valor determinado em R$ 0,15 por litro importado, a ser pago diretamente ao produtor, valor estimado em R$ 35.000.000,00 somente para o ano de 2016.

4. Compromisso do setor em repor as perdas da safra 2016, nas safras 2017, 2018, 2019 e 2020, diretamente ao produtor, com supervisão da Conab: – pagamento de R$ 0,10/kg – adicional ao preço mínimo estabelecido para cada safra, gerando reposição no montante de aproximadamente R$ 280.000.000,00 ou seja, se considerarmos o valor do item 3, somado a este, em cinco anos o produtor terá 100% de suas perdas repostas, recuperando assim a confiança na sua atividade produtiva.

5. Compromisso do produtor com a qualidade e a continuidade da produção, bem como com a estabilidade das politicas de preço garantido um planejamento de medio prazo para as indústrias.

6. Compromisso do governo com o pagamento do seguro agrícola, fiscalização e controle operacional através da CONAB da importação pontual proposta; isenção de impostos de importação e prorrogação do FGPP – Financiamento para Garantia de Preços ao Produtor.

As avaliações e propostas acima relacionadas fazem parte de um documento elaborado pelo ex-deputado Wilson Cignachi com a participação do consultor Paulo Mognon e Integrantes de toda a Cadeia Produtiva, e será entregue ao governador José Ivo Sartori, Entidades Representativas e Autoridades que possuem a responsabilidade de efetivar este processo.