O Bonitão, do Kikão, de Farroupilha, vai se aposentar

Cláudia Iembo
claudia@ofarroupilha.com.br

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Foram 42 anos de lanches experimentados por gerações de diversas famílias de Farroupilha. O Kikão, xis que já foi o mais famoso da cidade, ficou por 34 anos no mesmo ponto, no centro, e nos últimos oito no endereço da rua José Dalla Riva, onde segue o atendimento até o dia 30 de novembro. Oscar Bernardi, o Bonitão, ou o Placa, como também é conhecido, acaba de juntar todas as peças para mudar a fase do seu jogo da vida: a chegada da aposentadoria e o aluguel do ponto que ocupa com sua lanchonete. “Agora vou experimentar o que é ficar sem trabalhar! Vou viajar, cuidar da saúde”, diz, já antecipando o cruzeiro que fará em dezembro ao lado da esposa Neusa.

Os funcionários sabiam dos planos, segundo Bernardi, que agradece à clientela formada ao longo dos anos. “Agradeço os mais de um milhão de lanches vendidos! Nos bons tempos cheguei a preparar mais de 200 xis por dia. De uns tempos para cá o movimento caiu, a concorrência aumentou”, avalia.
A análise dele vai além. “Acabei perdendo clientes e amigos por me posicionar politicamente. As pessoas não querem ouvir as verdades das outras e fazer parte de uma minoria é muito difícil em uma cidade como Farroupilha”, diz o homem que, segundo garante, não é radical, “mas simplesmente defendo as políticas sociais que beneficiam a todos e não apenas a alguns”.

Bernardi diz que a partir do momento que começou a discutir estes temas com os clientes, sofreu as consequências do seu posicionamento. “Sempre gostei muito do que eu faço, mas pensar diferente se mostrou complicado. Me desculpo por talvez ter sido agressivo politicamente, mas gosto de esclarecer o que acredito”, assegura, do alto dos seus 68 anos. Já com o sabor de despedida, o Bonitão agradece quem participou da trajetória do Kikão e convida para “as últimas mordidas” nas receitas da casa.