Edifício Merlin, patrimônio arquitetônico de Farroupilha, revigorado para o futuro

Alcides Merlin, o “guardião” do edifício que leva seu sobrenome, fala da entrega da revitalização da famosa obra arquitetônica

Cláudia Iembo
claudia@ofarroupilha.com.br

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Andar por uma cidade reparando suas construções arquitetônicas, carregadas de histórias que atravessam gerações, é compreender que, assim como nós, os lugares também possuem alma. No centro de Farroupilha, na tradicional Júlio de Castilhos, uma edificação que ruma aos 100 anos acaba de passar por uma revitalização: o edifício Merlin, cuja finalização do processo será comemorada em uma recepção aos convidados no Emma Café, neste sábado, 19 de outubro, a partir das 14h.

Por sua significativa relevância, o prédio figura como o primeiro do Brasil a entrar no projeto Qualycidades, da Qualyvinil, que busca preservar patrimônios históricos, em uma parceria que ainda inclui a Francescatto Casa das Tintas. “O edifício Merlin foi construído pelos meus avós, Ludovico e Emma Merlin, em 1910. Eles moravam no segundo andar e, na parte debaixo, abriram um armazém de secos e molhados. A construção terminou em 1932 e é de interesse da família preservar a fachada com suas características originais, já que ela está registrada com o potencial de tombamento”, explica Alcides Merlin.

Além das tintas emborrachadas utilizadas na pintura – ofertadas pela participação no projeto – a revitalização ganhou o número do ano da finalização de sua construção, 1932, e também placas dos comércios que abriga e luminárias, com especial destaque ao nome da construção.

“Mantivemos as características originais para o futuro, buscando deixá-lo atualizado para que as novas gerações possam olhar para ele com interesse. Nosso próprio país é uma mescla de traços arquitetônicos e é importante mantê-los bem-cuidados”, reflete Merlin, ainda explicando sua escolha pelas cores neutras e a aposta nos contrastes, com janelas escuras e alvenaria clara, “mais elegante”.
A revitalização do edifício Merlin acontece em um momento próximo aos 150 anos da imigração italiana, um marco que exalta a própria história da cidade. Segundo Merlin, o restante da galeria também passará pela pintura.

Vale contar que os avós construtores da família tiveram os filhos aqui – como o pai de Alcides, Alcides Benjamim Merlin, que nasceu com a ajuda de uma parteira no próprio edifício – e depois foram para Porto Alegre, na década de 50, deixando o endereço ao início de uma era de comércios, que alugaram e alugam até hoje suas salas. Nos anos 90 o entrevistado e o pai retornaram a Farroupilha e construíram a galeria que liga as ruas Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado.

Neste dia 19 acontece a comemoração de um novo capítulo do Edifício Merlin, que abrigou e ainda abriga histórias da família que o batizou, assim como de tantas outras famílias que o têm como palco de suas existências.