Manifesto à comunidade de farroupilhense
Ao comemorarmos a Semana Mundial do Meio Ambiente, a Associação Farroupilhense de Proteção ao Ambiente Natural (AFAPAN) vem a
Ao comemorarmos a Semana Mundial do Meio Ambiente, a Associação Farroupilhense de Proteção ao Ambiente Natural (AFAPAN) vem a público alertar e reafirmar o seríssimo comprometimento que o nosso ambiente natural está sofrendo. Nossa Mãe Terra, em especial a Biosfera, tem sido severamente agredida pelas múltiplas atividades e atitudes humanas.
Consideramos extremamente perigoso negligenciar importantes e sérios estudos científicos recentes, os quais comprovam o que muitos ambientalistas há tempo vêm denunciando: estamos colocando em perigo não apenas a qualidade, mas também a possibilidade de vida em nosso planeta.
A emissão de gases causadores do efeito estufa (CO2, Metano, Óxido nitroso e outros) e a concomitante destruição de nossas florestas estão provocando um aumento da temperatura da Terra. As calotas polares e os picos nevados estão derretendo. Em consequência, temos observado um aumento do número e de intensidade de ocorrências climáticas extremas e catastróficas. As nossas florestas deveriam de ser percebidas, não como áreas improdutivas, mas como gigantescas usinas prestadoras de serviços ambientais.
Devido a essas mudanças climáticas e à destruição de seus hábitats naturais pela expansão das fronteiras agropastoris, inclusive em áreas de reserva, muitas espécies vegetais e animais estão sofrendo sério risco de extinção.
O modelo agrícola predominante, baseado na utilização de substâncias químicas (agrotóxicos) e organismos geneticamente modificados, tem produzido sérias consequências ambientais como contaminação das águas, do ar, do solo, e dos alimentos, afetando a biodiversidade (em especial as abelhas), ocasionando problemas de saúde e o desenvolvimento de doenças graves, inclusive câncer.
Nunca produzimos tanto e destinamos tão mal nossos resíduos: rios e córregos estão repletos deles; em breve, nossos oceanos terão mais lixo do que peixes. Em consequência, muitos animais aquáticos e terrestres estão sendo dizimados, afetando as cadeias e as teias alimentares. Um percentual muito alto de municípios no Brasil ainda convive com lixões a céu aberto.
Os esgotos domiciliares e industriais não tratados estão contaminando drasticamente a grande maioria dos riachos e rios, provocando mortandade de peixes e afetando a produção agrícola e a qualidade da água que bebemos.
O surgimento de espécies de bactérias, fungos e vírus, mutantes e/ou super-resistentes, tem se constituído em terrível ameaça à nossa saúde e a produção agrícola.
A nível municipal, também temos seríssimos problemas. A maioria dos arroios apresentam elevado grau de contaminação: ainda não temos sequer um metro cúbico de esgoto doméstico tratado.
Em relação aos resíduos domiciliares, nós geramos muito, separamos mal e reciclamos pouco, em consequência, a quase totalidade é enterrada. Além disso, parte do setor empresarial também destina inadequadamente seus resíduos. A troca constante do gestor ambiental não permite que haja uma sequência político-administrativa, nem a efetivação do Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Citamos apenas alguns dos muitos problemas e desafios que temos em nosso município.
Encerramos conclamando todos a tomarmos medidas e atitudes concretas no sentido de preservarmos nossa “Casa Comum”: que cada cidadão e cada cidadã separe e destine corretamente seus resíduos, evite os descartáveis; colete água da chuva; pratique o consumo consciente; prefira alimentos orgânicos e locais e economize água e energia.
Exigimos do Poder Público políticas e ações consistentes e duradouras: maximização da reciclagem e implementação da logística reversa; implantação de estações de tratamento de efluentes; políticas de proteção às nascentes e veios d'água; implementação de legislação para grandes geradores; e um processo de expansão urbana ordenado e sustentável.
Enfim, todos juntos, poder público, população em geral, setor empresarial, entidades representativas da sociedade civil: não podemos retroceder nos avanços que tivemos nas últimas décadas na direção de um modo de vida e de um modelo de desenvolvimento sustentável! A ecologia sobrevive sem nós, mas nós não sobrevivemos sem ela.
Farroupilha, 05 de junho de 2019
Associação Farroupilhense de Proteção ao Ambiente Natural(AFAPAN)